ATA DA NONAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 14-11-2005.

 


Aos quatorze dias do mês de novembro do ano de dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Alceu Brasinha, Carlos Comassetto, Claudio Sebenelo, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Maristela Meneghetti, Mônica Leal, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Professor Garcia, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Alex da Banca, Bernardino Vendruscolo, Elias Vidal, Margarete Moraes e Zé Valdir. À MESA, foram encaminhados: pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, os Pedidos de Informações nos 293 e 294/05 (Processos nos 6691 e 6692/05, respectivamente); pelo Vereador Aldacir Oliboni, juntamente com os Vereadores Adeli Sell e João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Legislativo nº 296/05 (Processo nº 6368/05); pelo Vereador Bernardino Vendruscolo, os Pedidos de Providência nos 2702 e 2703/05 (Processos nos 6594 e 6595/05, respectivamente); pelo Vereador Elói Guimarães, o Pedido de Providência nº 2728/05 (Processo nº 6703/05); pelo Vereador Haroldo de Souza, os Pedidos de Providência nos 2668, 2671, 2672, 2673, 2674, 2675, 2676, 2677, 2678, 2679 e 2680/05 (Processos nos 6548, 6552, 6553, 6554, 6555, 6556, 6557, 6558, 6559, 6560 e 6561/05, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providência nos 2658, 2659, 2665, 2666, 2667, 2712, 2713 e 2714/05 (Processos nos 6520, 6521, 6545, 6546, 6547, 6617, 6634 e 6638/05, respectivamente); pelo Vereador Márcio Bins Ely, o Pedido de Providência nº 2593/05 (Processo nº 6426/05); pela Vereadora Maria Celeste, os Pedidos de Informações nos 288 e 289/05 (Processos nos 6626 e 6627/05, respectivamente); pela Vereadora Neuza Canabarro, os Pedidos de Providência nos 2652 e 2655/05 (Processos nos 6508 e 6511/05, respectivamente); pela Vereadora Sofia Cavedon, o Pedido de Providência nº 2723/05 (Processo nº 6667/05). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 384/05, encaminhando o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/05 (Processo nº 6539/05); de nº 386/05, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 030/05 (Processo nº 6699/05). Ainda, foi apregoado o Requerimento nº 252/05 (Processo nº 6670/05 – Autorização para representar externamente esta Casa na “Conferência do Leste Sul – Práticas Políticas e Movimentos do Leste da Ásia e América Latina”, a ser realizada no período de treze a dezenove de novembro do corrente, em Manila, nas Filipinas), de autoria do Vereador Carlos Todeschini. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 10652757, 10652766 e 10653167/05, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Raul Carrion, juntamente pelo Vereador Ibsen Pinheiro, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor João Baptista Aveline, ex-Chefe de Redação do Jornal Zero Hora, falecido no dia de ontem. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Federal Alceu Collares, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos. Em continuidade, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Dr. Goulart, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares do dia quatorze ao dia dezessete de novembro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Alex da Banca, após a entrega de seu Diploma e Declaração de Bens, bem como a prestação de compromisso legal e indicação do Nome Parlamentar, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Na ocasião, foi apregoada Declaração firmada pelo Vereador Dr. Goulart, Líder da Bancada do PDT, informando o impedimento dos Suplentes DJ Cassiá Gomes e José Tarcísio de Souza em assumirem a vereança no dia de hoje, em substituição ao Vereador Dr. Goulart. Em prosseguimento, nos termos do § 8º do artigo 12 do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Alex da Banca, que agradeceu o apoio recebido durante a campanha eleitoral em dois mil e quatro, destacando a importância da comunidade do Bairro Lomba do Pinheiro para o seu sucesso eleitoral. Também, questionou a diferença entre a proporção de negros na população e o número de negros que ocupam cargos eletivos no Brasil, atribuindo essa discrepância à inferioridade econômica e à falta de união do povo negro. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Alexandre Rambo, Presidente do Diretório Metropolitano do PDT e de representantes da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Sandra Denise Possani, Diretora-Tesoureira da Associação Cultural Depósito do Teatro, que defendeu a criação de uma lei de fomento ao trabalho continuado de grupos de teatro e dança de Porto Alegre, julgando insuficiente a legislação de incentivo cultural existente, que concede isenções fiscais a empresas que invistam em projetos culturais. Nesse sentido, apresentou o Programa Municipal de Fomento ao Teatro e à Dança, frisando que sua finalidade é o apoio governamental à criação e manutenção de projetos culturais. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores João Antonio Dib, Bernardino Vendruscolo, Neuza Canabarro, Luiz Braz, José Ismael Heinen, Raul Carrion, Margarete Moraes e Paulo Odone manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e cinqüenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, tendo o Senhor Presidente informado que esse período seria destinado a assinalar o transcurso do septuagésimo quinto aniversário da presença missionária no Brasil das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus. Compuseram a MESA: o Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Irmã Elisabete Bernardi, Provincial da entidade das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus; a Irmã Narcisa Dalmásio, representando o Governo Geral das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Bernardino Vendruscolo enalteceu o papel desempenhado pelas congregações religiosas na formação cultural do povo brasileiro, grifando o número de instituições educacionais e assistenciais mantidas por essas entidades. Em relação ao assunto, historiou a criação e a vinda ao Brasil da congregação religiosa Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, exaltando a presença de freiras ligadas a essa entidade em diversas cidades rio-grandenses. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Carlos Nedel afirmou que a as Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus são um exemplo da contribuição da Igreja Católica à humanidade, sublinhando iniciativas dessa congregação religiosa nas áreas da educação, saúde e assistência social. Ainda, mencionou instituições mantidas pelas Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus no Rio Grande do Sul, elogiando a excelência dos serviços prestados à comunidade nessas entidades. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senhor Quinto Neto, Superintendente do Hospital Banco de Olhos; das Irmãs Justina Missio e Inelvia Balbinot, integrantes do Conselho Provincial das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus; da Irmã Anair Segalla, Diretora do Colégio Sagrado Coração de Maria, de Esteio; da Irmã Carmen de Conte, Diretora do Colégio Navegantes; das Irmãs Fátima Mello e Noeli Bolsan, respectivamente Diretora Geral e Diretora-Tesoureira do Hospital Banco de Olhos; da Irmã Sibila Borin, Diretora do Projeto Social Centro de Formação Tereza Bolzan, de Esteio. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson exaltou a participação das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus na área de saúde em Porto Alegre, realçando a qualidade dos serviços prestados nos Hospital Mãe de Deus, Divina Providência, Banco de Olhos e Santa Casa de Misericórdia. Nesse sentido, congratulou as freiras integrantes dessa congregação, solidarizando-se com sua conduta de privações pessoais em prol do auxílio às pessoas necessitadas. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador Bernardino Vendruscolo para proceder à entrega de Diploma referente ao septuagésimo quinto aniversário da presença missionária no Brasil das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus à Irmã Elisabete Bernardi, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e trinta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e trinta e três minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Márcio Bins Ely homenageou a Associação Nacional de Defesa e Informação do Consumidor – ANDICOM – pelo seu sexto aniversário, aprovando os  serviços prestados por essa entidade no sentido de melhor informar os consumidores de seus direitos. Também, chamou a atenção para conquistas dessa instituição no campo dos direitos do consumidor, mencionando melhorias nos serviços de operadoras de telefonia propostas pela ANDICOM. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ibsen Pinheiro lastimou o falecimento, ontem, do Senhor João Baptista Aveline, enaltecendo sua carreira profissional como jornalista e radialista e aplaudindo sua trajetória e seus ideais no campo da política. Em relação ao assunto, retratou a relação pessoal de Sua Excelência com o Senhor João Baptista Aveline, recordando sua afeição por posições políticas firmes, tanto no enfrentamento ideológico quanto na convivência profissional. O Vereador José Ismael Heinen manifestou seu pesar pelo falecimento do Senhor João Baptista Aveline e congratulou os ex-Ministros Paulo Brossard de Souza Pinto e Alberto Hoffmann pela conquista do Grande Colar do Mérito, concedido pelo Tribunal de Contas da União. Ainda, rechaçou a proibição do uso de bermudas e calçados abertos por taxistas, posicionando-se contrariamente ao fato de que essa resolução foi publicada no último dia do Governo Municipal anterior. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Alceu Brasinha, foi realizada verificação de quórum, constatando-se a existência do mesmo. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Margarete Moraes analisou o posicionamento político do Senhor João Aveline perante a crise enfrentada pelo Partido dos Trabalhadores. Também, criticou o programa de Governança Social Solidária em relação à participação popular nesse Programa, acusando o recebimento de carta de autoria do líder comunitário Antônio Losada, ex-Vereador desta Casa, no qual Sua Senhoria relata o impedimento de participar em eventos populares do Município. O Vereador Ervino Besson saudou o Vereador Alex da Banca por assumir a vereança em substituição ao Vereador Dr. Goulart. Ainda, elogiou iniciativas do Senhor José Fogaça, Prefeito Municipal de Porto Alegre, no combate aos problemas enfrentados pelos suinocultores do Município, destacando a importância do agro-negócio para o desenvolvimento da Cidade e exaltando a realização da 21ª Festa do Pêssego de Porto Alegre. O Vereador Claudio Sebenelo discutiu a questão da desigualdade social e da miséria existentes na periferia das grandes cidades, lendo texto da Professora Teresa Caldeira, que trata do assunto. Nesse contexto, analisou manifestações que têm ocorrido no mundo todo, especialmente na França, no último fim de semana, em prol da inclusão dos menos favorecidos, alegando que o desemprego e as diferenças precisam ser interrompidos, com a oferta de melhores salários, previdência social e poder aquisitivo. O Vereador Professor Garcia destacou a recente fiscalização da Agência Nacional de Petróleo – ANP – em postos de venda de combustíveis do Município de Porto Alegre, a fim de averiguar possível formação de cartel entre esses estabelecimentos. Em relação ao assunto, afirmou que a Cidade detém o terceiro maior valor no preço do litro da gasolina no País, questionando os motivos dessa situação e ressaltando a necessidade da busca por preços justos nos combustíveis. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sofia Cavedon prestou homenagem póstuma ao jornalista João Aveline, falecido ontem. Ainda, criticou o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 030/05, de autoria do Vereador Nereu D’Avila, aprovado pela Casa, que estabelece condicionantes ao cercamento de logradouros públicos da Cidade, afirmando que essa proposta viabiliza restrições de acesso a parques e praças resultantes de empreendimentos da iniciativa privada. O Vereador Luiz Braz reportou-se ao pronunciamento hoje realizado pela Vereadora Sofia Cavedon, em Comunicação de Líder, acerca do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 030/05. Sobre o assunto, frisou que o objetivo dessa proposição não é a de afastar o porto-alegrense dos parques e praças da Cidade, mas garantir maior proteção aos equipamentos urbanos e monumentos instalados nessas áreas, para que sejam usufruídos pela totalidade da população. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 278 e 293/05, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 039/05, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Carlos Comassetto e Márcio Bins Ely, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 193/05, o Projeto de Lei do Legislativo nº 288/05, o Projeto de Lei do Executivo nº 029/05; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 137/05, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Professor Garcia e Sofia Cavedon. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Almerindo Filho, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Zé Valdir, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Também, foram apregoadas Declarações firmadas pela Vereadora Sofia Cavedon, Líder da Bancada do PT, informando o impedimento dos Suplentes Guilherme Barbosa, Marcelo Danéris, Gerson Almeida e Mauro Pinheiro em assumirem a vereança no dia de hoje, em substituição ao Vereador Almerindo Filho. Ainda, em face de Questão de Ordem formulada pelo Vereador João Antonio Dib, o Senhor Presidente prestou informações quanto às normas vigentes para substituição de parlamentar licenciado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Professor Garcia comentou debates ocorridos nesta Casa no dia nove do corrente mês, quando da apreciação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 030/05. Igualmente, questionou declarações do Vereador Nereu D’Avila, divulgadas pela imprensa, contrárias à exigência de plebiscito para cercamento de parques e praças da Cidade, conforme determina a Lei Complementar Municipal nº 507, de cinco de agosto de dois mil e quatro. O Vereador Raul Carrion convidou a todos para participarem das atividades que integram a XII Semana da Consciência Negra, a ocorrer de quatorze a vinte de novembro do corrente, em Porto Alegre, discorrendo acerca da importância da participação do negro no processo de construção política, econômica e cultural da sociedade brasileira. Finalizando, registrou seu posicionamento contrário ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 030/05, aprovado por esta Câmara. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Luiz Braz. Do que eu, Luiz Braz, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Exmo Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores, queria trazer hoje o pedido de um minuto de silêncio para uma grande figura desta Cidade que faleceu na noite de ontem, que é o jornalista João Aveline, um porto-alegrense. Ele faleceu aos 86 anos de idade, sendo 50 anos dedicados ao jornalismo; foi jornalista da Tribuna Gaúcha do Partido Comunista, jornalista do jornal A Última Hora, chefe de redação do jornal Zero Hora, reorganizou a Rádio Gaúcha, foi Presidente do Sindicato dos Jornalistas, fundador e Presidente da Juventude Comunista, Dirigente Municipal, Estadual e Nacional do Partido Comunista; foi preso três vezes durante o regime militar. Uma pessoa que merece, tenho certeza, pela unanimidade desta Casa uma homenagem através de um minuto de silêncio, singelo, mas que tem tanto significado para nós. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ibsen Pinheiro estava no microfone dos apartes para também formular um Requerimento pela perda lamentável dessa grande figura do jornalismo que foi o nosso Aveline, conhecido de todos da Casa.

Portanto, solicito a todos que, de pé, prestemos a homenagem póstuma.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos registrar, para a honra da Casa, a presença do Deputado Federal Alceu Collares, ex-Vereador da Casa, Prefeito, Governador. (Palmas.) Convido V. Exª a tomar assento à Mesa.

 

(O Deputado Federal Alceu Collares toma assento à Mesa.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Dr. Goulart solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no período de 14-11-05 a 17-11-05. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Pedido de Licença permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Sr. Alexsandro Fernando assumirá em função da impossibilidade de os Suplentes DJ Cássia Gomes e José Tarcísio de Souza assumirem a Vereança. Seu nome parlamentar é Ver. Alex da Banca. Solicito ao Ver. Alex da Banca que entregue o seu Diploma e a Declaração de Bens a esta Mesa.

 

(Procede-se à entrega do Diploma e da Declaração de Bens.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito que os presentes, em pé, ouçam o compromisso que o Ver. Alex da Banca prestará a seguir.

 

O SR. ALEX DA BANCA: “Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a autonomia municipal, exercer com honra, lealdade e dedicação o mandato que me foi conferido pelo povo.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Declaro empossado o Ver. Alex da Banca, que integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa.

O Ver. Alex da Banca está com a palavra, conforme o art. 12, parágrafo 8º do Regimento.

 

O SR. ALEX DA BANCA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, cumprimento todos os Vereadores, em especial os Vereadores da minha Bancada, por terem contribuído para a minha chegada nesta Casa e para que eu passasse a mensagem que tenho que passar. Se Deus quiser, vou assumir em outras ocasiões para defender os interesses daqueles que me colocaram neste local. Queria agradecer também a presença de toda a comunidade da Lomba do Pinheiro, que foi o meu berço eleitoral. (Palmas.) Foi uma campanha às pressas, mas muito obrigado pela confiança depositada. Tenho certeza de que, num outro momento, não serão três meses de campanha, tenho certeza de que nas urnas nós vamos mostrar por que nós estamos vindo aí. Agradeço a presença do meu pai, João Luiz Bumbel, o alemão das bancas, quem num momento difícil da minha vida me acolheu, quando eu era funcionário dele nas bancas de revistas. (Palmas.) Agradeço também ao Zezé e a tantos outros colegas jornaleiros. E vou parar por aqui, porque são muitas pessoas, e vocês sabem que é de coração. Então, eu não vou falar nomes, porque eu posso pecar. E agradeço ao meu filho, também, de três anos, está aí o Vítor. E é isso. (Palmas.)

É uma semana importante a Semana da Consciência Negra. Dr. Goulart, obrigado pelo momento. Se meu povo souber fazer jus a isso, tenho certeza de que será um momento muito importante, uma arrancada para que esta Casa tenha outros Vereadores numa situação melhor do que a minha, porque não é justo que entre 36 colegas exista só um negro ocupando a função de Suplente. Tenho certeza de que isso vai ser uma porta para o nosso povo. Não adianta só reclamarem, esse negócio de se queixar não adianta nada. A democracia existe, e eu acho que, nas urnas, é que têm que mandar. Chega de fazer boca-de-urna, está na hora de se reunirem em grupo e botarem a cara para bater. O meu povo tem uma coisa, por ter uma deficiência financeira: eles acham que é fácil apoiar qualquer um. Não é assim. A união faz a força, isso já está provado. Então, esse negócio de estar se queixando não convém, acho que devemos nos unir em épocas de eleição. Não adianta cada um puxar para um lado, porque, assim como os negros sofreram antigamente, também o povo judeu sofreu e nem por isso eles se acomodaram como o meu povo se acomodou. Eu sei que as palavras são árduas, e a verdade dói. Então, a gente tem que acordar, porque não é justo entre 36 colegas não ter pelo menos 30% do nosso povo representado. (Palmas.)

Eu queria agradecer a presença de uma pessoa de quem sou fã desde que me conheço por gente, justamente por ele ter lutado contra todas essas barreiras que eu estou comentando aqui, alguém que todo mundo conhece a história, que é o meu Deputado Federal e, se Deus quiser, futuro Governador, Alceu Collares. (Palmas.) Não podemos num País onde metade da população é de negros e pardos ter poucos representantes da nossa raça. Eu tenho certeza de que, com a força do meu povo, eu vou chegar aonde ele chegou e, se Deus quiser, puxar mais pessoas junto comigo.

Meu povo querido - e falo no geral -, como já disse, fui adotado, e esse negócio do preconceito existe e nós sabemos, mas nós temos que tomar iniciativas e reagir, porque o voto é popular, ele está ali. Não tem explicação, só se queixar não adianta; reclamam do “mensalão”, reclamam disso e daquilo. Não têm que reclamar, têm que, quando chegar o momento certo, tentar a renovação. Se alguém errar, é normal, é humano. Eu estou aqui, estou falando sem texto, sem nada, se eu errar é um direito que eu tenho! Então, pelo amor de Deus, não posso ser só eu, não pode ser somente o meu Deputado Federal ou o Senador Paulo Paim; tem de ter mais gente, e tudo começa com a nossa organização. Vocês sabem que a maioria massacrante não quer essa organização, então temos de refletir e parar de dividir poderes, porque são poderes mínimos; está na hora de pensar coisa grande. É isso aí, o tempo é meio curto, mas tenho a certeza de que eu vou ocupar essa tribuna e vou falar melhor. Muito obrigado por tudo. Muito obrigado pela presença de todos. É isso aí. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos saudar a presença do Presidente do Diretório Metropolitano do PDT, o Rambo. (Palmas.)

Saudamos aqui, já mencionados pelo Alex da Banca, os moradores da Lomba do Pinheiro e os companheiros de Partido do Alex da Banca. Saudamos o já citado Deputado Federal Alceu Collares e queremos saudar também a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Srª Sandra Denise Possani, Diretora-Tesoureira da Associação Cultural Depósito de Teatro, está com a palavra para tratar de assunto relativo à Lei de Fomento ao Trabalho Continuado de grupos de teatro e dança de Porto Alegre (Manifestação das galerias.), pelo tempo Regimental de 10 minutos.

 

A SRA. SANDRA DENISE POSSANI: Boa-tarde, senhoras e senhores. (Coloca peruca.) A minha pessoa foi escolhida pelo Movimento de Teatro de Grupos de Investigação Cênica de Porto Alegre para hoje aqui, na Câmara de Vereadores, dar uma mostra do que nós, como grupos de pesquisa continuada em teatro e dança, fazemos todos os dias: remar contra a maré. Remamos contra a maré: diante da idéia de que o homem e sua livre expressão são negociáveis; diante da não-existência de políticas públicas para a cultura, políticas destinadas ao aprimoramento e à melhoria das condições de vida da maior parte da população; diante da falta de investimento ou estímulo a projetos que tenham história de pesquisa e criação; diante do atrelamento da produção cultural ao interesse de empresas privadas que, utilizando verba pública através de isenção fiscal, acabam por dirigir a estética e os temas da arte; diante da noção de que a cultura é um objeto em segundo plano, tendo à frente a educação, a saúde e o transporte, quando sabemos que a cultura é igualmente fundamental, pois é emancipadora, consome a violência e é meio para compreender e exercer a vida.

Essa é a lógica, e ela não nos serve, então nos organizamos! (Manifestações das galerias.) Primeiro, enquanto grupos, porque devido às suas especificidades - artes corporais, que só acontecem através das relações entre atores e entre estes e os espectadores - são fundamentais para o aprofundamento das relações humanas e para a construção da nossa identidade e historicidade. O trabalho desses grupos é árduo, e na maioria das vezes sem nenhum apoio. Eles investigam e pesquisam incessantemente as diferentes linguagens, criam e fazem temporadas dos seus espetáculos, são escolas que formam novos atores, dançarinos e grupos. No que diz respeito aos teatros públicos, frente à carência estatal, os grupos de teatro e dança muitas vezes mantêm espaços culturais autogeridos de forma coletiva e, em oposição à lógica capitalista, onde a propriedade é privada, abrem-se à população da Cidade para o encontro e a comunhão. Esses coletivos são generosos e têm o compromisso ético com a função social da arte. Para que o teatro e a dança cheguem à grande maioria da população brasileira, que vem sendo excluída do seu acesso, esses grupos mantêm diálogos e fazem parte da vida das comunidades que os rodeiam.

É urgente a criação de mecanismos regulares que assegurem a pesquisa, a reflexão, a transmissão, a circulação de espetáculos, bem como a estruturação de espaços culturais que abarquem as necessidades reais da população. Entende-se aqui como necessidade a construção de uma cultura participativa, orgânica, transgressora dos valores estéticos decorrentes de uma colonização histórica que determina relações de dominação até hoje. Não se pode mais ignorar o descompasso entre as necessidades criadas pelos investidores culturais, ditadas pelo interesse do capital privado, e as necessidades básicas da maior parte da população. Então nos organizamos enquanto Movimento para discutir questões relativas à política cultural nos âmbitos municipal, estadual e federal. Hoje avançamos em direção a ações que possam assegurar uma política cultural ética para as artes cênicas. No entendimento desses grupos, é necessária a criação de mecanismos estáveis que permitam aos grupos trabalhar de forma continuada, garantindo a pesquisa, a produção e a circulação dos seus bens culturais.

Diante da inexistência de uma política que favoreça o crescimento dos grupos com um trabalho continuado, o Movimento apresenta o Programa Municipal de Fomento ao Teatro e à Dança. O Programa tem como finalidade o apoio à manutenção e à criação de projetos de trabalho continuado em pesquisa de linguagem e produção cênica, visando não apenas ao seu desenvolvimento, mas ao melhor acesso da população a esses trabalhos.

A Lei de Fomento significa uma transformação radical de paradigma, pois rompe com a lógica do evento e com as normas ditadas pelo mercado. Os grupos terão muito mais condições de trabalho e organização. Voltada à informação, à qualificação e à mobilização do setor artístico, a Lei de Fomento servirá de incentivo ao surgimento de novos coletivos de pesquisa em artes cênicas, contribuindo, sobremaneira, para expandir o conceito e o significado da arte na Capital gaúcha.

Essa proposta segue a trilha da bem-sucedida experiência dos grupos de São Paulo. O Programa Municipal de Fomento ao teatro paulista, instituído em 2002, e recentemente à dança, foi uma conquista do Movimento Arte Contra Barbárie, que já em 1999 preceituava: “Apoio constante à manutenção dos diversos grupos de teatro do País; política regional e viabilização do acesso do público aos espetáculos; fomento à formulação de uma dramaturgia nacional; criação de mecanismos estáveis permanentes para a construção, manutenção e ocupação dos teatros públicos; criação de um programa planejado de circulação de espetáculos pelo País.

Os gaúchos tomam essa referência para estruturar o seu manifesto. Aliás, este é um dos princípios do Movimento: o diálogo permanente com outros movimentos que acontecem no panorama teatral do País.

É no amadurecimento de uma idéia de movimento artístico e cultural, dos grupos de trabalho continuado, que procuramos a Câmara de Vereadores de Porto Alegre com uma proposta concreta para ser debatida, estudada e votada. O Programa Municipal de Fomento ao Teatro e à Dança para a Cidade de Porto Alegre. (Representação artística de grupo nas platéias.)

Acreditamos que ao institucionalizar como instrumento constitucional legal o Programa Municipal de Fomento ao Teatro e à Dança, estaremos enfocando a democratização da cultura e da informação, bem como o fomento à diversidade cultural e artística para a comunidade porto-alegrense.

O Movimento de Grupos de Investigação Cênica coloca para a Câmara de Vereadores um desafio: somar-se ao Movimento, remar juntos contra a maré, pois dizem, e nós realmente acreditamos, que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Essa é, com certeza, a oportunidade histórica de mudar o panorama cultural da Cidade; se assim o fizermos, estaremos reafirmando o compromisso ético com a continuidade de uma arte não distanciada da realidade e pluralidade expressiva do Brasil, representante de uma cultura verdadeira e libertadora. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos a Srª Sandra a fazer parte da Mesa de trabalhos. (Palmas.)

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, minha cara Sandra Denise Possani, Diretora-Tesoureira da Associação Cultural Depósito de Teatro, na sua primeira frase, a senhora disse que “remam contra a maré”. O importante é remar, o importante é poder remar.

Em nome da Bancada do Partido Progressista, constituída por este Vereador, pela Verª Mônica Leal e pelo Ver. João Carlos Nedel, desejo que vocês continuem remando até encontrar o porto seguro, onde encontrarão, por certo, excelentes condições de trabalho para o teatro e a dança de Porto Alegre. E, não esquecendo que encerrou o seu pronunciamento dizendo que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, continue batendo, continue insistindo porque vai conseguir. Sucesso, saúde e Paz! (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Srª Sandra Denise Possani, Diretora-Tesoureira da Associação Cultural Depósito de Teatro, queremos nos somar a essa luta, nós do PMDB - eu, o Ver. Ibsen Pinheiro, o Ver. Sebastião Melo e o Ver. Haroldo de Souza. Eu estava acompanhando o seu discurso e vi que a senhora tem garra, tem fé e os seus representados, certamente, também. E nós haveremos de conseguir, haveremos de chegar lá, eu tenho certeza; com essa força que a senhora demonstrou, com essa fé, com essa coisa convincente, nós haveremos de alcançar os objetivos que vocês buscam. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Neuza Canabarro está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Srª Sandra Denise Possani, Diretora da Associação Cultural Depósito de Teatro, quero cumprimentá-la em nome da Bancada do PDT, composta no dia de hoje pelos Vereadores Ervino Besson, Alex da Banca, Márcio Bins Ely e por esta Vereadora. Como componente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, nós estamos atentos a todo o desenvolvimento dos movimentos culturais desta Cidade. E, de antemão, já deixamos aqui um convite para que compareça a uma reunião da nossa Comissão a fim de vermos de perto o que podemos auxiliar no alcance dos seus objetivos. Tenho a certeza de que, com a apresentação de hoje, com esta enorme sintonia, com um grupo tão grande, terá muito e muito sucesso. Parabéns! (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Quero cumprimentar o Dr. Alceu Collares, Líder nesta Casa, que, além de Deputado, sempre envolveu o plenário com a sua presença. Quero cumprimentar a Sandra Denise Possani, Diretora-Tesoureira da Associação Cultural Depósito do Teatro, e todos os atores e as atrizes que vieram aqui para nos engrandecer, para fazer com que nós, aqui na Casa, tivéssemos vontade de lutar por esse plano que os senhores e as senhoras lançam para o engrandecimento do teatro. Tenho certeza absoluta de que esta Casa tem mais do que obrigação de estar engajada nessa luta. Eu quero dizer que esta Casa, realmente, se sentirá orgulhosa em estar apoiando, em estar caminhando junto com todos os senhores e as senhoras, porque, afinal de contas, eu acredito que, quando nós conseguimos fazer com que esses atos que os senhores e as senhoras propõem possam realmente ser fortalecidos, nós estaremos fazendo com que toda a arte esteja ganhando.

E é isso que nós de fato queremos, assim como toda a sociedade também. Parabéns, muito obrigado pela presença da senhora aqui nesta tribuna. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Dona Sandra Denise Possani, Diretora-Tesoureira da Associação Cultural Depósito do Teatro, em nome do Partido da Frente Liberal, em meu nome e da Verª Maristela Meneghetti, eu quero cumprimentar a senhora e todos os participantes desse movimento que marcha, em Porto Alegre, em busca da sua identidade cultural, do desenvolvimento cultural, porque pensamos e temos a certeza de que o movimento cultural, a cultura, é uma manifestação espontânea da identidade de um povo, de uma sociedade, de uma comunidade. Eu vejo que é em busca desse desenvolvimento que V. Sas caminham. Podem contar com o nosso apoio para guerrearmos juntos na manutenção e, também, na ampliação da cultura de nós mesmos, que é a nossa Cidade e o nosso povo. Parabéns, em meu nome e do meu Partido. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, o nosso abraço, a nossa saudação, em meu nome e em nome da Verª Manuela d’Ávila, Líder da minha Bancada, à Sandra Possani, Diretora-Tesoureira da Associação Cultural Depósito do Teatro, e ao Movimento de Teatro de Grupos de Investigação Cênica, que tem uma longa e reconhecida trajetória na nossa Cidade. A Verª Manuela, neste momento, não se encontra em Porto Alegre, por isso não está presente. Ela é a autora da Lei de Fomento ao Teatro e à Dança de Porto Alegre, programa que já tem antecedentes, experiências positivas em São Paulo e que, através de vocês, está vindo como um Projeto adaptado à realidade de Porto Alegre...

Os artistas sempre jogaram e, certamente, continuarão jogando um grande papel na construção da Nação brasileira. Muitas vezes nós vemos que o apoio público do Poder público é dado aos eventos já consagrados ou àqueles grupos já consagrados, e o verdadeiro trabalho de pesquisa, de vanguarda, de investigação não encontra caminhos, meios e apoio para o seu desenvolvimento.

Por isso, nós temos o entendimento da correção desse Projeto da nossa Líder, a Verª Manuela d’Ávila, e estaremos juntos tentando construir com o restante da Casa um Projeto que venha atender a essa necessidade real, que não é uma necessidade somente desses grupos, mas uma necessidade da Cidade e é uma necessidade da cultura. Parabéns, sucesso, podem contar com a Bancada do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Margarete Moraes está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Querida Sandra Possani, atriz, diretora, autora, parceira do Projeto de Descentralização da Cultura, da SMC, oficineira de teatro, hoje representando a Associação Cultural Depósito do Teatro, eu quero dizer que a Bancada do Partido dos Trabalhadores - falo em nome de todos os meus companheiros, presentes ou não - quer conhecer de perto esse Projeto de fomento aos grupos de teatro e dança que está acontecendo aqui pela primeira vez. E, pelo o que eu percebi na tua fala, esse Projeto diz respeito a todas as fases do processo: o processo de pesquisa, de criação, de produção, de fluição, de reflexão sobre a vida, sobre a arte, sobre o teatro, expresso na dança e, principalmente, na linguagem do teatro com políticas continuadas e regulares que independam dos Governos que, por acaso, vençam ou percam as eleições.

Quero dizer que esse Projeto não surge do nada, tu sabes muito bem disso; ele é inspirado no Funproarte, que foi uma descoberta dos artistas de Porto Alegre, junto com a Secretaria Municipal da Cultura, e que trabalha a cultura como um bem, como um valor em si mesmo, que exige investimentos do Poder Público. Não é um favor o Poder Público investir em cultura. A gente sempre diz que cultura não é gasto, é investimento, porque investe nas pessoas, nas emoções, na inteligência, e nós temos muitos talentos e muitos artistas em Porto Alegre.

Nós, junto com o Pilla Vares, construímos, na Administração Popular, a primeira valorização da arte e da cultura em nossa Capital, com uma política cultural que dizia respeito à democratização, à descentralização e à pluralidade. É evidente que a arte e a cultura se movem, porque a vida se move, e exigem outras ações posteriores, ações que foram fundamentais naquele tempo, mas que hoje devem ter continuidade. É assim que a nossa Bancada pensa, e a nossa Bancada quer ouvi-los. Nós vamos chamá-los para uma reunião, para ouvirmos a fundo a respeito desse Projeto.

Eu quero dizer que ouvi com muito respeito os discursos dos colegas Vereadores desta Casa e também faço um apelo a eles, para que interfiram na sua Bancada, porquanto compõem a base governista, para que as 120 oficinas da descentralização que o Secretário Vítor deixou funcionando possam ter continuidade e para que se paguem os oficineiros em dia, conforme nós pagávamos na Administração Popular.

Quero dizer que, infelizmente, depois de 13 ou 14 anos, o Funproarte está com 90 dias de atraso nos contratos, e esses contratos, Governador Collares, fazem parte de um edital público com deveres e obrigações dos dois lados, só não têm deveres e obrigações, nesse caso, infelizmente, o Governo Municipal.

Eu quero dizer que a Bancada do meu Partido quer conversar com vocês, assim como sempre fizemos, com muito diálogo, queremos ouvir com maior propriedade e maior nitidez sobre esse Projeto que vocês oferecem à Casa. Parabéns pelo trabalho. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Paulo Odone está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PAULO ODONE: Sr. Presidente; Governador Collares, quero saudar a Diretora Sandra, ouvi com atenção a sua enfática e brilhante manifestação nesta Casa, o que não poderia ser diferente, vindo do teatro, que tem extremo compromisso com a cultura e com a cultura popular, que sempre há trazer alguma mensagem, uma luz de avanço.

Eu não sou tão jovem assim, Diretora. Antes da famigerada redentora de 64, fui Secretário de Cultura da União Estadual de Estudantes. Lutamos para lá instalar o CPC e fazer com que a UNE levasse o teatro popular às vilas e às nossas cidades do Interior. Era duro. A sede da nossa entidade nos foi doada, Dr. Collares, pelo então engenheiro Leonel Brizola, Governador do Estado. Quando nós estávamos com uma peça pronta para ser encenada, tivemos a intervenção da redentora, que nos cortou. Estive, portanto, ligado ao CPC da UNE, que deu tanto ao teatro brasileiro, que, depois de 64, foi perseguido, mas ainda assim resistiu. E o que temos de bom na vinculação do teatro com a participação popular e com o avanço na escala social vem dessas origens.

Eu fico contente de ver, na minha Cidade, que o teatro e as forças do teatro estão mais vivas do que nunca. E, pertencendo ao Partido do meu Prefeito, do Fogaça, hoje acho que ninguém pode pôr em questão a sua honestidade e transparência ao dizer que - não numa campanha eleitoral, mas como um propósito de gestão - quer conservar o que é bom e melhorar o que precisa ser melhorado. Diretora, pode ter certeza que, assim como com a Verª Manuela, nós temos dialogado para conseguir colocar a meia-entrada aos jovens em espetáculos - e temos que respeitar as circunstâncias do teatro - e vamos ter o diálogo aberto, inclusive junto com a Verª Manuela, para poder, junto ao Executivo, ao Secretário da Cultura e ao Prefeito, intermediar e ajudar no sentido de que se avance, de que se olhe o que se tem de bom, para fazer o que se pode fazer. Tenho certeza de que teremos bons ouvidos do nosso Prefeito, mas, com as condições financeiras que herdamos, não nos foi possível, apesar de termos feito várias intermediações, colocar em dia o débito que a Prefeitura acumulou para com a classe cultural e o próprio teatro. Muito obrigado, sucesso e disponha deste Vereador, se precisar, para esse bom diálogo. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós estamos encerrando a Tribuna Popular, saudando a Srª Sandra Denise Possani, Diretora-Tesoureira da Associação. Queremos cumprimentar os integrantes da Associação Cultural Depósito do Teatro e Movimentos.

Também quero registrar para os Anais que, quando Prefeito de Porto Alegre, o Sr. Alceu Collares criou a Secretaria de Cultura e entregou-a a uma das grandes figuras intelectuais, o Professor Felizardo - uma homenagem que lhe prestamos nesta tarde.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h51min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 14h54min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Hoje este período é destinado a comemorar o 75º aniversário da presença missionária no Brasil das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, homenagem requerida pelo Ver. Bernardino Vendruscolo.

Convidamos para compor a Mesa a Irmã Elisabete Bernardi, Provincial da entidade Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus.

O Ver. Bernardino Vendruscolo, proponente desta homenagem, está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo da Verª Maria Celeste.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; Irmã Elisabete Bernardi, Provincial da entidade Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus; Irmã Narcisa Dalmásio, representante do Governo-Geral, residente em Roma; Irmã Maria Celina, nossa amiga, acompanhando a comitiva; representantes da Casa Provincial de Porto Alegre; Banco de Olhos de Porto Alegre; Colégio Navegantes; Colégio Coração de Maria, de Esteio; Colégio Coração de Jesus, de Esteio; comunidade da Vila Farrapos; senhores e senhoras, demais autoridades presentes.

As congregações religiosas tiveram e têm um papel importante na formação cultural do nosso povo. Quantos de nós tiveram a oportunidade de estudar em colégios mantidos por congregações religiosas? Congregações religiosas compostas por bravas pessoas, desprendidas, compostas por vocês, que têm no coração o ideal de servir; vocês, que abriram e abrem mão de conviver com os seus familiares para conviver com os familiares dos semelhantes. A homenagem à entidade Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus é justa e cheia de significado. A Entidade tem 75 anos de presença missionária no Brasil, a Congregação foi fundada em 8 de fevereiro de 1831, teve como fundador o Monsenhor Giuseppe Benaglio, Vigário-Geral da Diocese de Bérgamo, norte da Itália, e como fundadora Santa Teresa Verzeri. O nome de Filhas do Sagrado Coração de Jesus denota um contínuo estímulo do segmento de Jesus Cristo; as atividades envolvem amparo a crianças e jovens. No Brasil, a Congregação concretizou o sonho do fundador, que era o de espalhar, pelo mundo, essas missões chamadas de ad gentes.

Em 1930, na desconhecida Vila de Buricá, hoje Três de Maio, o Padre Vicente Testani percebeu a importância de ter, na paróquia, Irmãs educadoras da fé - das crianças, dos jovens e dos adultos. Ele viajou à Itália e, no dia 20 de novembro de 1930, embarcou com sete Irmãs; no dia 28 de dezembro do mesmo ano, num domingo, chegaram à Vila de Buricá com as vestes empoeiradas e os corações límpidos e cheios de esperança. Têm como missão educar gerações, aliviar o sofrimento e formar corações. Hoje as Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus estão em quatro continentes, oito países: Itália, Brasil, Bolívia, Argentina, Índia, República Centro África, Camarões e Albânia. No Rio Grande do Sul estão localizadas em Ijuí, Santo Ângelo, Giruá, São Borja, Santiago, Tenente Portela, Esteio, Porto Alegre e Três de Maio.

Irmãs, educar gerações, aliviar o sofrimento e formar corações é a bandeira de vocês. Quantos milhares de pessoas têm, na sua formação, essa mensagem de fé, de esperança, de seriedade, de trabalho? Quantas pessoas ao longo desses anos se beneficiaram dessa bela doutrina cristã? Quanto nós, brasileiros, devemos a essas congregações religiosas que ao longo dos anos vêm pregando o bem comum, vêm pregando a fé, vêm educando e ajudando os mais necessitados? Nós nos sentimos profundamente orgulhosos por receber esta oportunidade, desde o primeiro dia, quando procurados pela irmã Celina. E é por isso que nós, hoje, não podemos deixar de registrar que estamos falando num tempo que era destinado à Verª Maria Celeste; ela nos concedeu este tempo, e, se não fosse isso, teríamos que, evidentemente, buscar esta oportunidade com outro Vereador, pois não dispúnhamos deste tempo por tê-lo usado em outra oportunidade. A Verª Maria Celeste merece esse registro, a Bancada do PDT e a Verª Margarete Moraes também; eu os cumprimento porque me permitem ter esta oportunidade.

 

O Sr. Márcio Bins Ely: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentar V. Exª pela justa homenagem que presta, por meio deste Grande Expediente, aos 75 anos da presença missionária das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus no Brasil. Em especial, eu gostaria de fazer um registro pela forma séria com que vêm desempenhando o trabalho no Banco de Olhos, situado hoje na Zona Norte da nossa Cidade. Meus cumprimentos pela iniciativa, Vereador.

 

O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentar V. Exª pela iniciativa desta homenagem maravilhosa às Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, entidade em que uma irmã minha estudou, formou-se na cidade de Ijuí. Parabéns por esta iniciativa, Vereador. Parabéns a esta entidade pelos 75 anos dedicados à fé, à cultura e à ajuda ao próximo. Obrigado.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, parabéns pela propriedade da homenagem. Gostaria, aproveitando o aparte, de somar os nossos cumprimentos, de toda a Bancada do Partido dos Trabalhadores, à Irmã Elisabete. Cada vez que vemos as ações concretas que caracterizam a história das Filhas do Sagrado Coração de Jesus na escola, na educação, na educação infantil, no trabalho com a saúde, no trabalho com a assistência, vemos que a presença dessas Irmãs dá concretude à fé. Eu acho que esse sentido da evangelização, que é compromisso de vocês, é traduzido dessa forma, e esta é a maior e melhor força que tem a fé: a ação concreta, a ação de solidariedade e a ação de educação. Parabéns e longa vida ao trabalho de vocês. (Palmas.)

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Recebo, das mãos do Ver. Nedel, uma lista de nomes para que se faça o registro de outras autoridades que estão aqui: Irmã Narcisa Dalmásio, do Conselho-Geral; Irmã Justina Missio, do Conselho Provincial; Irmã Fátima Mello, Diretora do Hospital Banco de Olhos; Dr. Antônio Quinto Neto, Superintendente do Hospital Banco de Olhos.

Antes de finalizar, quero fazer um registro sobre esta revista maravilhosa. (Mostra a revista.) Ela retrata os 75 anos da entidade, e, lendo-a, constato que lá em Três de Maio nós temos cursos tão necessários e tão esquecidos nos dias de hoje, que são os cursos técnico-profissionalizantes - Técnico em Enfermagem, Técnico em Segurança do Trabalho, Técnico em Radiologia, Radiodiagnóstico, Técnico em Secretariado, Técnico em Contabilidade. Fazendo o registro da Escola Dom Hermeto, localizada lá em Três de Maio, quero cumprimentar todas as demais escolas do Brasil e do mundo, quero cumprimentar todas vocês que aqui representam a Congregação. Para nós do PMDB e para todos os Vereadores, é um orgulho muito grande fazermos esta homenagem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A Bancada do Partido Progressista não poderia se furtar e deseja se unir ao Ver. Bernardino Vendruscolo nesta homenagem que presta às Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus. A nossa Bancada, composta pelo Ver. João Antonio Dib, pela Verª Mônica Leal e por este Vereador, sente-se honrada em agradecer o imenso trabalho que as Irmãs prestam na construção do nosso País.

Eu tenho falado desta tribuna, insistentemente, do imenso trabalho que a Igreja Católica presta à humanidade, especialmente, nas áreas de Educação, Saúde e Assistência Social. Se um dia a Igreja Católica parar de fazer esse trabalho, o que sobrará? Provavelmente, muito pouco, por isso a importância do trabalho das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus.

Na área da Educação, temos o Colégio Dom Hermeto, que foi fundado quando elas chegaram aqui em nosso País, em Três de Maio, e o Colégio se mantém hoje moderno, com inúmeros cursos; o Colégio Sagrado Coração de Jesus, lá na fronteira, em São Borja; o Colégio Teresa Verzeri, em Santo Ângelo, no qual a minha esposa, a Glória Regina Simões Nedel, em 1967 e 1968, teve a honra de ser Professora; o Colégio Medianeira, em Santiago, que ontem homenageamos na grande Romaria de Nossa Senhora Medianeira, Padroeira do Rio Grande do Sul, em Santa Maria, com 286 mil pessoas participando; o Colégio Navegantes, no bairro Navegantes, em Porto Alegre; o Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Ijuí. São mais de cinco mil alunos participantes desses colégios na área da Educação.

Na área da Saúde, há o nosso grande Hospital Banco de Olhos em Porto Alegre, que presta serviços extraordinários. Eu espero que, em breve, seja realizado o convênio com a Prefeitura para acelerar o atendimento oftalmológico em nossa Capital; o Hospital Santo Antônio, em Tenente Portela; o Hospital São Vicente de Paula, em Três de Maio, e o Hospital São José, em Giruá.

Na área da Assistência Social, na área da solidariedade, temos o Centro Social Tereza Verzeri, em São Borja, atendendo crianças pobres, órfãos em situação de vulnerabilidade social; em Esteio e em todos os Educandários existem também grandes projetos sociais. E há muito tempo as Irmãs estão em missão na Amazônia, na Bolívia, na Argentina.

Irmãs, em nome da nossa Bancada, quero cumprimentar e agradecer esse imenso trabalho, essa ilustre vocação, a vocação orientada para o amor na construção de um mundo muito melhor. Muito obrigado pelo trabalho que vocês prestam em favor do amor e em favor da construção de um mundo melhor. Parabéns! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos registrar, para honra da Casa, a presença do Dr. Quinto Neto, Superintendente do Hospital Banco de Olhos; da Irmã Justina Missio, membro do Conselho Provincial; da Irmã Inelvia Balbinot, membro do Conselho Provincial; da Irmã Anair Segalla, Diretora do Colégio Sagrado Coração de Maria, de Esteio; da Irmã Carmen de Conte, Diretora do Colégio Navegantes; da Irmã Fátima Mello, Diretora-Geral do Hospital Banco de Olhos; da Irmã Noeli Bolsan, Diretora-Tesoureira do Hospital Banco de Olhos; da Irmã Sibila Borin, Diretora do Projeto Social Centro de Formação Tereza Bolzan, de Esteio.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, em nome da Bancada do PDT, composta hoje pela Verª Neuza Canabarro, pelos Vereadores Alex da Banca, Mario Fraga, Dr. Goulart, Márcio Bins Ely, Nereu D'Ávila e por este Vereador, saudamos o Ver. Bernardino Vendruscolo, proponente desta homenagem, e todas as Irmãs já nominadas. São 75 anos de uma extraordinária história para este País, um trabalho feito nos quatro continentes.

Sem dúvida, é um relevante trabalho, minha cara Irmã Elisabete, feito na Santa Casa de Misericórdia, no Hospital Mãe de Deus, no Divina Providência, no Hospital Banco de Olhos. Até pela nossa função, como Vereadores desta Cidade, a gente está periodicamente em contato com os hospitais, pois a população vem aqui solicitar socorro para nós, Vereadores.

O trabalho de vocês é digno dos maiores elogios. Vocês se dedicaram a uma vida voltada ao próximo, voltada ao nosso povo sofredor, essa é a história de cada uma de vocês, por tudo que vocês representam para o sofrimento da humanidade no dia de hoje. Graças a Deus, nós temos aqui uma congregação de Irmãs que prestam um extraordinário e relevante trabalho para o nosso povo.

Eu acompanhei, em algum período, quando fui Diretor da Ceasa, o trabalho de uma extraordinária Irmã, cito o nome da Irmã Irene Luiza Pittas; em seu nome, eu quero saudar todas vocês. É uma Irmã com uma simplicidade, com um carisma extraordinário, periodicamente ela ia à Ceasa conseguir algo para poder aliviar o sofrimento das pessoas. É um trabalho extraordinário, é um trabalho feito no anonimato, mas com o coração muito grande. Eu acho que atos como esses, atitudes como essas marcam profundamente a alma de qualquer cidadão e cidadã num País em que o povo é muito sofredor. Irmãs, muitas pessoas que sofrem procuram vocês e recebem, sem dúvida nenhuma, um alívio pelo trabalho de vocês, pela dedicação de vocês, pelo amor ao próximo que vocês trazem dentro do peito, no coração de cada uma de vocês.

Portanto, meu caro Ver. Bernardino, esta Casa hoje se sente extremamente gratificada, na véspera de um feriado, por poder prestar esta extraordinária e justa homenagem aos 75 anos da entidade Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus. Que Deus ilumine o caminho de vocês, que Deus esteja sempre ao lado de vocês no dia-a-dia! Pois vocês, com muito sacrifício, eu sei que não é nada fácil, aliviam o sofrimento de muita gente. Por isso, que Deus esteja sempre ao lado, iluminando e dando forças para que vocês continuem cada vez mais prestando esse extraordinário e relevante trabalho para o nosso povo sofredor.

Em nome da Bancada do PDT, fica aqui o meu abraço muito fraterno, o meu carinho. Que o nosso Poderoso lá de cima sempre ilumine vocês e nos ilumine também, para que possamos estar aqui ao lado dessas instituições, entendendo o trabalho extraordinário que vocês prestam para o nosso povo. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos convidar o proponente da homenagem, Ver. Bernardino Vendruscolo, para proceder à entrega do Diploma alusivo ao transcurso dos 75 anos da entidade Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus à Irmã Elisabete Bernardi.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.) (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Irmã Elisabete Bernardi está com a palavra.

 

A SRA. ELISABETE BERNARDI: É com jubilosa alegria que saudamos o Sr. Elói Guimarães, excelentíssimo Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e, em sua pessoa, os demais Vereadores e Vereadoras presentes. Queremos saudar também o Ver. Bernardino Vendruscolo pela feliz iniciativa desta homenagem e todos os nossos colaboradores e amigos aqui presentes (Lê.): “No longínquo 1930, sete mulheres audazes e corajosas partiram de sua pátria, a Itália, e chegaram em terras brasileiras para fecundá-la com o dom carismático das Filhas do Sagrado Coração de Jesus: revelar a ternura e a caridade do Coração de Jesus. E este ‘sim’, dado por elas, caiu em terra fértil, germinou e deu muitos frutos.

“São 75 anos de história, 75 anos de presença missionária em terras brasileiras, começando por Três de Maio, estendendo-se depois para outros Municípios do Rio Grande do Sul, outros Estados do Brasil e para países da América Latina, constituindo a Rede das Instituições Verzeri. Celebrar 75 anos é fazer memória desse passado para perceber as pegadas do Deus fiel, que conduz a história. Fazer memória implica atitude profunda de louvor e gratidão a Deus por todo bem que foi e continua sendo realizado. E, ao mesmo tempo, pressupõe uma atitude de compromisso com o hoje de nossa história, contribuindo na construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

“Foi da simplicidade daquela semente que brotou a grande árvore que continua, com o auxílio de muitos colaboradores, espalhando frutos na educação, na saúde, nos projetos sociais, na inserção nos meios populares, assim como Jesus, que passou por esta terra ‘fazendo o bem a todos’.

“Em Porto Alegre, nossa ação evangelizadora se concretiza, de modo especial, no Colégio Navegantes, no Hospital Banco de Olhos e na Creche Nossa Senhora dos Navegantes, a fim de promover a vida e a dignidade humana, para tornar visível a caridade do Coração de Jesus.

“Por fim, queremos, como Filhas do Sagrado Coração de Jesus, agradecer esta carinhosa homenagem e dizer que gestos concretos como este nos ajudam a continuar, com firmeza e perseverança, essa caminhada iniciada há 75 anos. Agradecemos a todos aqueles que continuam confiando em nosso trabalho e nos incentivando a implementar qualidade no que realizamos. Agradecemos a nossos colaboradores que conosco constroem essa história, fazendo com que ela continue dando frutos novos e capazes de gerar mais vida numa sociedade tão ameaçada como é a nossa.

“Que o Coração de Jesus e Santa Teresa Verzeri, nossa fundadora, intercedam por todos e, de modo especial, por esta Casa, para que sempre possa buscar os interesses que são do povo, ajudando assim a construir um Brasil sempre mais solidário e irmão. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerramos a presente homenagem extremamente cara e importante à Cidade. Queremos saudar a Irmã Elisabete Bernardi, bem como as demais Irmãs aqui já mencionadas, agradecemos ao Ver. Bernardino Vendruscolo por ter proporcionado este momento tão importante. Lá está a foto da fundadora (Aponta para as galerias.): Santa Tereza Verzeri, canonizada em 2001.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h31min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 15h33min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

O Ver. Márcio Bins Ely está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Mario Fraga.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Presidente Elói Guimarães, na pessoa de V. Exª eu gostaria de cumprimentar os demais Vereadores e Vereadoras desta Casa; público que nos assiste pela TV Legislativa; senhoras e senhores presentes em plenário, demais autoridades, venho hoje a esta tribuna por cedência do Ver. Mario Fraga, Vice-Líder da Bancada, Vice-Líder do Governo, colega e amigo, para prestar uma homenagem ao transcurso dos seis anos da Associação Nacional de Defesa e Informação do Consumidor, a Andicom. A Associação tem sede aqui em Porto Alegre e, no meu entendimento, tem prestado relevantes serviços, Sr. Presidente, não só à comunidade porto-alegrense, mas ao povo gaúcho e a todo povo brasileiro.

(Lê.) “A Andicom é uma Associação sem fins lucrativos fundada em 1999 e não tem qualquer vínculo com Governo, empresas ou partidos políticos. Os recursos financeiros para o desenvolvimento de suas atividades têm sua origem principal nas anuidades pagas pelos seus associados.

“A Entidade, que num primeiro momento caracterizava sua atuação pela tutela do consumidor, passou a expandir o seu foco, caracterizando-se como uma entidade não-governamental com atuação em defesa da cidadania através da difusão de informação e atuação propositiva nos foros legislativos e judiciais. Entre os focos de atuação da Andicom encontram-se a orientação e a informação aos associados. A Andicom atende pessoalmente, por carta, telefone, fax ou e-mail, permitindo que não somente os associados, mas todos que a acessam, em todo o Brasil, sejam orientados pela Entidade”.

Eu quero fazer uma reflexão. Eu acho muito importante esse trabalho, porque em muitos Municípios, inclusive em Porto Alegre, ainda não existe a figura do Procon Municipal. Apesar de nós termos um Procon em nível estadual, tenho certeza que a Andicom tem auxiliado muito os cidadãos que a ela recorrem para esclarecimentos a respeito de deveres e obrigações e, fundamentalmente, dos direitos que têm na condição de consumidores.

Quero destacar alguns temas e dizer também que a Entidade atua em temas de interesse coletivo dos consumidores e da sociedade no seu todo. As atividades são norteadas pela busca do fortalecimento da cidadania e de uma sociedade mais justa. Continuo (Lê.): “A Entidade patrocina ações judiciais contra Governos e empresas, objetivando a tutela da coletividade em questões que envolvam o meio ambiente, consumidor, bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico ou por infração da ordem econômica e da economia popular, conforme prevê a Lei nº 7.347/85.”

Então trago, neste Grande Expediente, Ver. Alex da Banca, os meus cumprimentos ao Presidente Dionísio Cavalcanti, ao Vice-Presidente Maurício Barbieri, pelo transcurso dos seis anos da Associação, que tem sede aqui na nossa Capital e que possui algumas ações interessantes já com resultados práticos, portanto resultados no quotidiano do cidadão, os quais passo a mencionar a partir deste momento (Lê.): “A Andicom, em parceria com o Ministério Público Federal, propôs quinze ações civis públicas para a reabertura das lojas da CRT Brasil Telecom, que já estão reabertas. Promoveu ação civil pública por cobrança de tarifa indevida - durante os três primeiros meses, ou seja, 90 dias, a suspensão do serviço deve ser gratuita -, obtendo liminar no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, beneficiando treze milhões de pessoas em dez Estados da Nação.”

Ora, vejamos, Ver. Ervino Besson, aquela pessoa que, porventura, tiver que fazer uma viagem e se ausentar durante três meses de casa, em função dessa ação, ela não precisará pagar aquela taxa mínima da conta telefônica e não perderá a linha, ou seja, ela vai permanecer com a linha, não vai ter custo nenhum. O serviço estará suspenso, e ela não será obrigada a pagar aquela taxa de manutenção básica que hoje varia em torno de 40 reais, ou seja, a pessoa teria que viajar e, no seu retorno, pagar uma conta média acima de 100 reais por um serviço que não utilizou. Então quero registrar os meus cumprimentos por essa ação civil pública que tem um resultado e que já está funcionando graças às ações da Andicom.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Com muita honra concedo um aparte ao Ver. Ervino Besson.

 

O Sr. Ervino Besson: Ver. Márcio, primeiramente, eu queria parabenizar a linha do discurso de Vossa Excelência. Quero dizer a V. Exª que uma das primeiras visitas externas que nós fizemos, juntamente com a minha Comissão - Verª Margarete Moraes, Verª Maria Celeste, Ver. Bernardino Vendruscolo, Verª Clênia Maranhão e o Ver. Maurício Dziedricki -, foi à SMIC, para tratar a respeito do Procon Municipal, onde se deu o encaminhamento.

Eu quero dizer que foram muito oportunas as suas colocações. Tenho notícias de que o Projeto já está pronto, já está na mesa do Prefeito para ser assinado. Acho que neste ano ainda vamos ter a oportunidade de receber, aqui na Câmara, o Projeto do Procon Municipal, para o qual também fizemos a nossa parte, demos a nossa colaboração. O Procon Municipal está fazendo muita falta aqui na nossa Porto Alegre. Sou grato a Vossa Excelência.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Obrigado, Ver. Ervino, pela sua manifestação muito oportuna. Quero dizer que, realmente, o Prefeito Fogaça tem nos surpreendido pelas suas manifestações, pelas suas movimentações, no sentido de dar cobertura e alcançar apoio a alguns setores que ainda não tinham o respaldo do Governo como nós gostaríamos que tivessem, por exemplo, a juventude, por meio da Secretaria da Juventude. Não só a criação da Secretaria da Juventude, mas também a da Secretaria de Acessibilidade, que é mais um avanço que traz o Governo Fogaça à população de Porto Alegre. E, agora, como bem mencionou V. Exª, Ver. Ervino Besson, nós temos mais esse avanço na área do consumidor, é um compromisso que está firmado, e, praticamente, já há uma rubrica de o.k. para que tramite tal Projeto na Casa. Tenho certeza de que trará grandes benefícios para a comunidade porto-alegrense.

Então, gostaria também de dizer que a Associação Nacional de Defesa e Informação do Consumidor tem também alcançado subsídios para a elaboração de alguns projetos de lei. Eu mesmo, por uns contatos que fizeram com a nossa assessoria e com o gabinete, protocolei nesta Casa um Projeto de Lei que tramita nas Comissões tornando obrigatório o protocolo das reclamações, das sugestões dos cidadãos nas empresas que tenham sede no município em Porto Alegre. Acho também que é muito oportuno, porque muitas vezes a relação de consumo se dá com a compra de produtos duráveis ou não-duráveis, que têm prazo para reclamação caso houver algum problema, qual seja, noventa dias e trinta dias respectivamente. E a pessoa que não tiver um protocolo carimbado, dizendo que realmente foi à empresa para reclamar, não tem, no meio judicial, quando ela recorre à Justiça e ao Poder Judiciário, uma prova garantindo que realmente ela tentou cumprir aquela etapa administrativa. Então, o objetivo do Projeto de Lei é justamente sanar essa dificuldade, fundamentalmente, Ver. Alex, em função dos problemas que ocorrem no sistema financeiro - na área bancária - e no sistema de telefonia.

Inclusive empresas da área de telefonia se negam a receber qualquer tipo de protocolo, senão com a presença de Oficial de Justiça. O procedimento é através do telefone: eles simplesmente mencionam ao cidadão um número de protocolo, pedem para que ele anote o número do protocolo, mas, na realidade, quando ele precisa da prova material, não consegue ter um papel, um ofício, comprovando, realmente, que aquela reclamação foi protocolada.

Para finalizar, Sr. Presidente, eu quero dizer que foi proposta pela Andicom, que neste ano completa seis anos de atuação e que tem sede aqui na nossa Capital, uma Ação Civil Pública para discriminação dos pulsos locais nas faturas de contas telefônicas. Concluindo, em face do período de Grande Expediente ora mencionado, no tempo cedido pelo Ver. Mario Fraga, eu quero prestar o nosso reconhecimento não só aos atuais dirigentes, mas também àqueles que antecederam os que estão hoje conduzindo a Associação, registrando aqui o nosso profundo reconhecimento ao trabalho e aos avanços que têm trazido à sociedade gaúcha e porto-alegrense.

 

O Sr. Alex da Banca: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É com muito orgulho que eu escuto V. Exª, Ver. Márcio. Fico feliz em saber que o PDT, Partido Trabalhista, é o único que, no momento, tem uma expressão de jovens aqui nesta Casa. Então, é com muita admiração que eu escuto o seu discurso.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Muito obrigado, Ver. Alex.

E assim eu concluo o meu pronunciamento. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrado o Grande Expediente.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, venho hoje a esta tribuna para registrar, com tristeza, um sentimento amargo sentido por todos nós, em razão da perda de João Aveline. É um sentimento comum desta Casa, dos jornalistas e dos quadros políticos, e eu acrescento a perda pessoal de quem perdeu um amigo de algumas décadas. Lembro, Sr. Presidente, que nas minhas militâncias políticas da juventude, generosas, atrevidas e arriscadas, lá estava João Aveline. Eu, pouco mais do que um adolescente; ele, um jovem no vigor dos 30 anos recém-alcançados, era dirigente da velha UJC, a União da Juventude Comunista. Ele e eu éramos estudantes do velho Julinho: eu, ginasiano; ele, do curso Clássico, no velho prédio do começo da Av. João Pessoa, hoje Faculdade de Ciências Econômicas. João Aveline, de invariável bom humor; famoso entre os seus contemporâneos pelo humor invariável dentro das redações de jornal, nos corredores das rádios e nas reuniões políticas. Sempre que pude, desfrutei dessa convivência, seja telefonando-lhe com a freqüência possível, seja encontrando-o no bar da ARI, nos sábados pela manhã, hábito assíduo dele, hábito eventual meu, mas que me permitia testemunhar que o envelhecimento não comprometia o bom humor de João Aveline, antes, acrescentava história às histórias que ele contava.

João Aveline foi um militante político de invariável retidão e correção. Tudo subordinou à sua visão do ideal, do interesse do nosso povo e assim dentro das redações. Ao mesmo tempo em que era um militante político, era um líder classista acatado e respeitado pelos seus colegas. Homem afeito às posições firmes, era incrivelmente afeito à convivência pelo respeito que dedicava à diversidade e até mesmo aos enfrentamentos políticos e ideológicos no plano da luta política ou no plano da convivência profissional.

A perda de João Aveline significa, para os jornalistas, para a militância política, para os seus amigos, um momento de profunda dor, Sr. Presidente, e tenho certeza de que expresso mais do que um sentimento pessoal, mais do que o sentimento de uma Bancada; eu sei que expresso o sentimento desta Casa, embora sem delegação, mas por identificação sei que expresso um sentimento avassalador de toda esta Casa, que é de dor e de profunda solidariedade para com a família de Aveline. Ele já era viúvo, sua companheira, a baiana Asdila, veio para cá no começo dos anos 50 e aqui se integrou à vida de Porto Alegre e do Rio Grande. Tiveram os filhos que aí estão, fiéis à memória de João Baptista Aveline, fiéis aos seus ideais. À família de Aveline, Sr. Presidente, faço este registro como um preito de homenagem de quem vai ter sempre a lembrança do velho João Aveline, guerreiro, alegre, das melhoras causas. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Ver. Ibsen Pinheiro, não sou o Presidente da Casa, mas respondo neste instante pela presidência da Sessão e peço licença a V. Exª para que seja registrada também, em nome da Mesa e da Casa, essa sua manifestação com relação a esse jornalista que nos deixa saudades.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Honra-me V. Exª, Ver. Luiz Braz, com esse gesto que, sem dúvida, incorpora um sentimento comum à nossa Cidade.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo Ver. Luiz Braz, Presidente dos trabalhos - muito me honra poder ser presidido por V. Exª -, nobres Vereadores e Vereadoras, quero também, nobre tribuno e Ver. Ibsen, juntar-me às suas palavras justas ao nosso Jornalista Aveline.

Quero deixar registradas, nesta Casa, as minhas congratulações a dois expoentes gaúchos que, no dia 16, receberão do Tribunal de Contas da União uma homenagem com o merecido recebimento do Grande Colar do Mérito, o nosso insigne Ministro Paulo Brossard da Souza Pinto e o Ministro Alberto Hoffmann. Inclusive, o Senador e Ministro Alberto Hoffmann estará recebendo nesta Casa o Título de Cidadão Honorífico de Porto Alegre.

Sr. Presidente, nobres colegas, fui visitado em meu gabinete por diversos taxistas dos pontos de táxi do meu bairro, pedindo a intermediação, pedindo que fizéssemos alguma coisa a respeito de algo que, por diversas vezes, já coloquei e me posicionei nesta Câmara de Vereadores. Vejo mais uma vez um problema da nossa Cidade sobre o qual a Câmara não pode interceder. No dia 31 de dezembro de 2004 foi assinada e publicada uma Resolução regulamentando a vestimenta, a postura dos nossos taxistas de Porto Alegre, que, numa interpretação, porque não está bem clara, os proíbe de usar bermuda e calçados abertos - sandálias, melhor dizendo. Lembro-me, quando ainda era somente eleitor e cidadão de Porto Alegre, da grande batalha que se travou nesta Casa, quando o nobre Ver. Paulo Sant’Ana fez passar e aprovar uma lei desobrigando os profissionais de táxi do uso de gravata. Talvez a postura de eles não poderem usar bermuda ou sandália não seja especificamente o que me traz a falar sobre esse tema, mas, sim, uma Resolução assinada e publicada no último dia de uma Administração. Em relação a isso, aliás, se nós olharmos o Diário Oficial da Cidade do dia 31 de dezembro, veremos quantas assinaturas desse tipo foram feitas.

Mais uma vez esta Casa não participou, porque foi uma Resolução Secretarial e a Câmara não poderia participar, é de competência da EPTC. Mas aqui está representada a maioria do povo de Porto Alegre, como eu já falei, e nós temos que voltar a um fortalecimento dos nossos Parlamentos, tanto dos Legislativos como do Senado, para que tenhamos a participação nessas decisões a respeito da nossa comunidade. Para mim foi mais um ato político do uma norma imprescindível do último dia de uma Administração.

Jamais eu faria; por diversas vezes, nos últimos meses das administrações de clubes, não tomávamos decisão, deixando para que os outros que viessem a nos substituir tomassem as decisões pertinentes aos assuntos administrativos da entidade. Eu acho que essa mesma ética, essa mesma postura faltaram à Administração passada, diante do que faço um apelo ao nosso Prefeito, ao nosso Secretário, para que analisem com carinho essa Resolução e o pedido dos taxistas, para que possam, no verão, usar, de repente, de forma normatizada, a sua bermuda e a sua sandália também. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Elói Guimarães reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. ALCEU BRASINHA (Requerimento): Gostaria de requerer verificação de quórum, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Visivelmente há quórum, Ver. Alceu Brasinha.

A Verª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Maria Celeste.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Obrigada, Ver. Elói Guimarães, nosso querido Presidente. Ao contrário do Ver. Ibsen Pinheiro, eu não convivia cotidianamente com o João Aveline, mas, como alguém que pretende cultivar a história da esquerda na nossa Cidade, sempre reconheci nele um “jovem comunista” cheio de esperanças, de ideais, de bom humor, de inteligência. Inclusive eu propus, neste ano, uma homenagem da Casa ao João Aveline, o que já havia sido tentado pelo Ver. Marcelo Danéris.

Ele veio me visitar, e nós conversamos bastante aqui. Ver. Ibsen, eu o encontrei na Feira do Livro, no dia da sessão de autógrafos do jornalista Walter Galvani e do Lotti; ele me abraçou e me cumprimentou muito, cumprimentando todos aqueles, Ver. Adeli, que permaneceram no PT. Ele ficava me dizendo e me ensinando que fatos como os desta crise já aconteceram na história, que é preciso permanecer e refazer, que é preciso sempre tentar refazer e não sair do Partido. Com muita humildade, eu quero repassar esse elogio aos 350 mil militantes do Partido dos Trabalhadores que foram votar nas prévias, que querem reconstruir algo novo para o nosso Partido. Eu quero cumprimentá-lo, Ver. Ibsen, o senhor foi muito feliz na sua intervenção.

Nesta minha intervenção, eu queria falar sobre a Governança Social Solidária, que é o novo método, a nova forma de gerenciamento, que nós queremos entender melhor. Eu acho legítimo que se pretenda, a partir do Orçamento Participativo, aperfeiçoá-lo, mas o que eu tenho depreendido na prática, na vida real, no dia-a-dia é que essa idéia se centraliza e tem como eixo principal a mídia. A mídia multiplica a idéia de que há um contexto de absoluta escassez no Estado; que o Estado, em nível municipal, estadual e federal, não tem mais condições de suprir as demandas da nossa sociedade. A partir daí, eu imagino, a sociedade civil vai ter que sustentar os projetos e os programas, por meio de ações de solidariedade, de benemerência, de caridade.

Eu admiro muito alguns empresários da nossa Cidade, do nosso País, porque eles têm programas seriíssimos de responsabilidade social, e esses programas são fundamentais; agora, nós não podemos fazer com que o Estado lave as mãos e coloque para a sociedade civil essa responsabilidade. Por exemplo, há uma demanda de 50 creches em Porto Alegre, e hoje - eu não consigo compreender - elas estão sendo e serão organizadas pelo Gabinete da Primeira-Dama do Município, ou seja, as organizações comunitárias deverão concorrer com setores da iniciativa privada em alguns critérios de qualidade. Então, parece-me que o Estado, que o Governo, lava as mãos e passa esse projeto como se a assistência social não fosse um direito das pessoas, como se fosse um favor, um assistencialismo. Então eu gostaria de discutir melhor esse conceito. Por exemplo, nas reuniões da comunidade, com a comunidade - são palavras do Secretário César Busatto -, não há disputa, não há votação, não há delegados, então se resolve tudo por consenso e na mais absoluta paz.

Quando o Ver. Paulo Odone esteve aqui homenageando a CIERGS - eu acho que foi muito merecido -, ele disse que a CIERGS tinha um lado, tinha escolha, tinha uma política, um gesto político, não estou falando em política partidária, mas todos os nossos atos, todos os nossos gestos de escolha, de opção, dizem respeito a uma idéia, a uma concepção de vida e a uma concepção de política. A impressão que sem tem dessa Governança Social Solidária é que se faz o discurso da despolitização, da falta de incentivo à participação popular. E aqui eu quero trazer uma carta que recebi do nosso querido ex-Ver. Antônio Losada, dizendo que foi impedido de participar no CAR Sul, lá na Cavalhada, do Fórum de Planejamento Urbano. Então, eu tenho um depoimento de uma figura que é um grande líder comunitário, que, assim como o João Aveline, tem uma história de participação popular, de dedicação, de desprendimento, mas que foi impedido de entrar em uma reunião do Orçamento Participativo.

Eu agradeço o tempo e continuarei em outro dia, Ver. Elói Guimarães.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Mario Fraga.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e através do Canal 16 da TVCâmara, eu quero saudar a todos. Em nome da Bancada do PDT, queria saudar o nosso colega Ver. Ibsen Pinheiro pelo seu pronunciamento em homenagem ao grande Jornalista João Aveline. Também em nome da Bancada do PDT, queria saudar ainda, de uma forma muito especial, muito carinhosa, o Ver. Alex da Banca, que hoje assumiu nesta Casa. Ver. Alex, receba aqui o nosso carinho, a nossa homenagem por V. Exª ter assumido no dia de hoje nesta Casa. O PDT se sente muito honrado em ter uma pessoa de cor, uma pessoa muito querida, muito amada pelo povo e, principalmente, pelo nosso Partido, o PDT. Vossa Excelência pode acreditar nisso, porque nós temos um carinho muito especial pelo Vereador. E V. Exª colocou de uma forma muito clara nesta tribuna, e a comunidade escutou o seu apelo aqui; no próximo mandato, sem dúvida nenhuma, o Vereador ocupará uma dessas cadeiras como titular nesta Casa.

 

O Sr. Alex da Banca: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. Ervino. Como eu já falei, é com muito prazer que estou aqui. A força que os colegas têm me dado contribui muito para a nossa democracia, sempre respeitando a juventude, e o PDT tem isso e, principalmente, nos seus atuais Vereadores.

Ver. Ervino, fico muito emocionado em saber que o ilustre acolheu o Projeto dos Quilombos, V. Exª teve sensibilidade, pois tinha uma posição contrária, mas passou por cima de tudo, e eu fico muito sensibilizado, e o pessoal daquela comunidade, da família Silva, com certeza, vai lhe agradecer futuramente. Essa é uma questão que já vem há tempo tramitando, e com a sua sensibilidade a Bancada vai conseguir ter o parecer favorável. Obrigado.

 

O SR. ERVINO BESSON: Isso é um merecimento de vocês, meu caro colega Ver. Alex, sem dúvida nenhuma; fiz isso de coração.

Meus caros Vereadores e Vereadoras, eu também queria aqui, de uma forma muito clara, saudar o nosso Prefeito José Fogaça. Nós tivemos, nos últimos 15 dias, duas reuniões para resolver o problema dos criadores de suínos da cidade de Porto Alegre - alguns deles estão tendo problemas com a fiscalização. Todos sabem que a Cidade cresce; e, logicamente, o pessoal que trabalha há 20 anos, 30 anos, inclusive até mais de 40 anos, que tem uma vida, sustenta suas famílias, tem alguns empregados, está enfrentando alguns problemas para a criação de suínos. Mas o Prefeito José Fogaça tem sido muito sensível, e nós já tivemos duas reuniões. Inclusive, de uma delas o Ver. Comassetto participou, e, numa outra, na sexta-feira, meu caro Presidente, houve a presença da SMIC, do Sindicato, da Prefeitura, do DMLU, da Secretaria da Saúde e da Emater. Houve uma integração entre as Secretarias, e todos demonstraram interesse para que a gente possa também aqui, juntamente com os demais Vereadores desta Casa, resolver o problema dos nossos criadores de suínos.

É uma economia da qual a Cidade está tendo um reflexo muito positivo, e não só os criadores de suínos, mas também com relação ao cinturão verde. A única Capital do Brasil que possui o cinturão verde produtivo é Porto Alegre. Há criação de piscicultura, agropecuária, e também há um Projeto que talvez a gente consiga trazer propondo uma parceria, junto com a Avipal, para a criação de aves. E o Prefeito tem sido muito sensível, ele tem demonstrado boa vontade e um apoio extremamente positivo para que possamos resolver esse problema que está surgindo com os criadores de suínos e com outra economia da nossa Porto Alegre.

Nós estamos no período da Festa do Pêssego, e aproveito a oportunidade para convidar a nossa Porto Alegre e a nossa Grande Porto Alegre, meu caro Presidente, para estarem presentes na Vila Nova, incentivando os nossos produtores, porque neste ano, infelizmente, com os problemas que houve em função do nosso clima, eles tiveram grande prejuízo, mas ainda existem alguns produtores que conseguiram ter não uma produção farta, mas uma produção que permite que as pessoas se dirijam à Vila Nova. Temos mais dois fins de semana para conseguir comprar pêssego de excelente qualidade, e com isso os nossos produtores se sentirão incentivados a, cada vez mais, investir na sua área, na nossa agricultura. Sem dúvida nenhuma, como eu já disse, há um esforço da Prefeitura com essas Secretarias todas integradas, e nós, Câmara Municipal, teremos a oportunidade de recuperar a auto-estima dos nossos produtores aqui em Porto Alegre, de todos os segmentos sobre os quais já me pronunciei aqui nesta tribuna. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Maristela Meneghetti.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, as fábricas foram os cenários da grande divergência, da grande diferença classista que existiu no século XIX, no início do século XX, quando ali se travavam as grandes disputas das diferenças sociais. Hoje esse cenário deixou de ser o terreno da fábrica para ser o espaço urbano. A cidade inteira passa a ser o grande palco das brigas entre as classes sociais.

Teresa Caldeira, professora em Irvine, na Califórnia, ensina-nos por meio do rap dos Racionais. A música “Fim de Semana no Parque” descreve um clube de classe média e um pretinho que tem apenas direito ao sonho do outro lado do muro, o rap diz: “Olha o pretinho vendo tudo do lado de fora”.

A cada dia se exacerba em nossa visibilidade, em nuanças de grande intensidade, a desigualdade, seja pelo isolamento geográfico nas periferias das grandes megalópoles, a inevitável favelização, seja pelo efeito demonstração que o incrível e arraigado senso de consumismo nos invade. A proximidade entre centro e periferia e o convívio diário, em todas as relações sociais e trabalhistas com coletivos de subempregados e abaixo da linha da pobreza, onde fome e desemprego são habitualidades que vão se ajustando e atrofiando, ao corpo e a mente em exposição indesmentível da diferença de poder aquisitivo e suas seqüelas...

E, na paranóia que se desenvolve malignamente, vamos construindo muros, dispondo de cercas, grades, fios elétricos, câmeras, vigilantes, de todas as formas mecânicas de segurança. E, quanto mais nos aprisionarmos em fortalezas protegidas, maior a distância em nome de um processo de segurança que gera, cada vez mais, anomia e iniqüidade.

O que hoje acontece em Paris e no interior da França positivista, republicana, a França da igualdade, da liberdade e da fraternidade, é exatamente a exclusão dos descendentes de imigrantes que, diferente dos gaúchos, com eles não se relacionam bem, tendo como reação os incêndios, não na cidade, mas para os lados do aeroporto de Orly, na grande Paris. Este fim de semana foi novamente catastrófico, com mais de quinhentos carros queimados, subindo para sete, oito mil automóveis, contando com o interior da França. Ver. Ibsen Pinheiro, os parques em Paris são abertos, mas a cidade é completamente fechada para todos os excluídos, impedindo o seu convívio com o bem-estar social e o pleno emprego apurado dos habitantes da França.

Continuemos fechando as portas da sociedade para os nossos excluídos, sem emprego, execrados em suas pobrezas, sem chances de atendimento médico; continuemos mostrando a riqueza dos nossos shoppings, impedindo a educação, segregando os negros, índios; continuemos insensíveis à dor dos apartheids; continuemos, enfim, a fechar nossos parques, e, em muito pouco tempo, pelo efeito demonstração grotesco de um “Saara” de diferenças, ostentaremos, ainda sem remédios aparentes, a maior crise de ética e de confiança do ser humano em si próprio. Dentro em breve, muito breve, essas manifestações da França estarão chegando em nosso País, em nossa Cidade e em nossas famílias.

Nosso Estado tem sido obeso e impotente em sua mobilidade promotora de desenvolvimento. Tem-se comportado apenas como válvula de escape às necessidades de crescimento econômico e social, hipertrofiando-se. Como este Estado, que apregoa os princípios republicanos perante a maior infração a esses princípios, como hoje na França, terá autoridade e poderá reprimir aquilo que de mais sagrado tem um ser humano, que é o seu direito de existência e de reclamar o direito a ter direitos? Por outro lado, este mesmo Estado, que necessita cada vez mais com freqüência intervir na economia, traz, na intimidade de sua própria intervenção, as verdadeiras e mais autênticas raízes da corrupção que o levam à autofagia presente e visível no Estado brasileiro por esses dias conturbados.

Não se promove segurança com cercamentos; segurança se faz com desenvolvimento, com o bem-estar social, com pleno emprego, com instituições sólidas. Se buscarmos sua mecanização, aumentaremos ainda mais o desemprego. Quem sabe promovamos a segurança a partir de seres humanos desempregados, dando-lhes salário, previdência social e poder aquisitivo?

Como diz Alain Touraine, o que temos hoje na França são indivíduos desfavorecidos, e temos que mudar a nossa atitude em relação a eles, sem os preconceitos e a agressividade que são dedicados aos marginais, habitualmente. Há um ciclo vicioso formado pela exclusão, pela violência e pela repressão que precisa ser rompido. Quem sabe isso possa ser feito com uma análise mais profunda originária das ciências sociais e não dos mecanismos de segurança de um Estado que ainda não entendeu seu compromisso com os ideais republicanos?

Fechemos nossos parques, que foram destinados a serem abertos, como os ideais de nossos contratos sociais. Euclydes da Cunha, em “Os Sertões”, escreve: “...origina-o o incidente mais trivial”, referindo-se ao estouro da boiada que nossos tropeiros sertanejos estão acostumados a enfrentar. Quem sabe uma trivial forma de exclusão, pequena como essa, fechando-se, insinuando-se que estão cada vez mais excluídos, fechando os nossos parques, origine uma guerra civil declarada, longa e irreversível. Cuidado! A corda vai rebentar. Não ultrapassem seu limite máximo. Cuidado com o estouro da boiada ou com o incidente mais trivial. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Informamos que o Ver. Raul Carrion está representando a Casa nas exéquias do Jornalista João Aveline.

O Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, no último final de semana, mais especificamente a partir da sexta-feira, a ANP - Agência Nacional de Petróleo - realizou uma blitz em todos os postos de combustíveis de Porto Alegre. E, especificamente, nesse assunto, eles tentaram verificar a formação de cartel.

Este Vereador, em 2003, entrou com uma representação no Ministério Público sobre essa formação de cartel, mas, infelizmente, não tivemos a nossa reivindicação atendida, porque o entendimento do Ministério Público mostrou que não havia cartel em Porto Alegre. Respeitamos, mas discordamos do entendimento daquele órgão. Ao mesmo tempo também fizemos inúmeras reuniões junto com o Ministério Público, os donos de postos de combustíveis, o Procon, o Decon, e, há três meses, o próprio Ministério Público nos informava que 120 postos, em Porto Alegre, estavam sendo investigados, e quatro deles foram fechados.

A partir dessa rápida blitz que a Agência Nacional de Petróleo realizou no final de semana, e continua realizando ainda hoje, dois postos foram fechados. E aconteceu uma coisa interessante: a questão do cartel mais uma vez não ficou configurada, porque os preços são muitos divergentes: o mais baixo, R$ 2,65; o mais alto, R$ 2,79. Ora, nós sabemos que, nos últimos dias, houve toda essa distorção de preço. Em Porto Alegre não existe ou pelo menos não existia R$ 0,14 entre o mais alto e o mais baixo, sempre ficou entre R$ 0,02, R$ 0,03, não mais do que isso. Por isso é que ingressamos, naquela oportunidade, junto ao Ministério Público, tentando caracterizar exatamente essa questão da formação de cartel.

Hoje há alguns postos que continuam com R$ 2,79, e alguns baixaram para R$ 2,65. Mas esperamos que isso não fique só agora, nessa fase em que estão sendo investigados. Claro que o preço do combustível é livre, mas Porto Alegre e o Rio Grande do Sul continuam tendo os mais altos preços de combustíveis do nosso Brasil, ou seja, é o terceiro maior preço, algo que nós não conseguimos entender. Nós procuramos, pesquisamos, temos ido a fundo nessa situação, e até agora não teve algo plausível que nos explicasse o motivo de Porto Alegre ser o terceiro. Claro que sabemos que o tarifaço concedido pelo Governador Rigotto em primeiro de abril fez com que o aumento dos preços dos combustíveis no Rio Grande do Sul fosse majorado de 25% para 30%, depois baixou para 29%. E, quando eu digo de 25% para 30%, muitos dizem que foi 5%. Não, 25% para 30%, na realidade, foi um aumento de 20% em cima dos postos de combustíveis. Quem pagou isso? A população do nosso Estado no seu todo, porque os preços dos combustíveis, esse tarifaço, como também a questão da energia elétrica e das telecomunicações, esses três atingem a totalidade dos quase dez milhões de habitantes do nosso Rio Grande do Sul.

Então, nós queremos vir, mais uma vez, de público, parabenizar essa blitz que a Agência Nacional de Petróleo fez, verificando a realidade, buscando preço e exigindo que os postos de combustíveis apresentem os seus preços, inclusive alguns do ano passado. Isso, podem ter a certeza, vai vir de público, e quem ganha com isso, na realidade, é a população de Porto Alegre, a população do Estado, porque nós não queremos, em nenhum momento, prejudicar os donos de postos de combustíveis. O que nós queremos é a realidade e a certeza de ter preços justos e aquilo que a população merece e pode pagar. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, com certeza, em nome de toda a Bancada do Partido dos Trabalhadores, queremos aqui lamentar o falecimento de João Aveline. Militante comunista, jornalista, perseguido pela ditadura, a quem, certamente, devemos a memória daquelas lutas. Devemos o reconhecimento àqueles tantos que lutaram pela liberdade que vivemos hoje; eles lutaram expondo suas próprias vidas, muitas vezes até colocando em risco os seus familiares, e conseguiram construir um processo que nos coloca, se não num momento que desejaríamos, de estado público, num momento em que podemos, pelo menos, discutir.

Nesse sentido, quero continuar um pouco mais a discussão que trazia aqui o Ver. Sebenelo, a quem parabenizo, pelas palavras contundentes e muito apropriadas sobre o tema do cercamento dos parques. A Verª Manuela, pelo PCdoB, também se manifestava, lamentando profundamente o que vivemos na Sessão em que foi votado o Projeto de Lei que estabeleceu a possibilidade de cercamento, sem discussão com a sociedade, dos parques que vierem a ser fruto de empreendimentos privados; áreas públicas que apenas com o parecer do Conselho Diretor poderão virar áreas cercadas. Eu não vou dizer privadas, mas cercadas, estabelecendo espaços restritos na Cidade, espaços públicos que deveriam ser espaços do livre ir e vir, espaços do encontro, espaços sem a separação em função da aparência física, das condições econômicas ou da possibilidade de ser alguém, ou não ser, mais ou menos perigoso. Porque, aqui, muitas argumentações que talvez não tenham aparecido nos microfones apareceram no papel: argumentos preconceituosos, argumentos que acirram a segregação, que acirram a discriminação de raças, sim, de etnias, sim, a discriminação de classe social.

E houve, principalmente, decisões que foram fortemente influenciadas pelo poder econômico, algo que nos agrediu. Tivemos a presença aqui dos responsáveis por grandes empreendimentos, que certamente tranqüilizam os futuros proprietários dos empreendimentos, que serão proprietários de classe média, que, para comprar um apartamento nas regiões, ou na região, no caso em pauta, têm que ter condições de vida muito acima da média dos brasileiros. É óbvio que o empreendimento é valorizado e é muito rentável, muito mais apreciado para compra, se você informa que haverá um grande parque público, inclusive com áreas de reserva, cercado, com guarda, com portões, com todas as condições. Ora, senhores, se isso não é apropriação privada do público, eu não sei o que é.

Eu queria também discutir a idéia de ser sujeito, acho que é o que Ver. Sebenelo colocava aqui. O ser humano é sujeito, deveria ter respeitada a sua condição de sujeito, sujeito que constrói a própria história, a própria cidadania e que constrói o contrato social do conjunto dos sujeitos de um país, de um Estado, de uma cidade. E a usurpação dessa condição de sujeito nós enxergamos aqui, porque não é possível que nem sobre uma área pública, Ver. João Antonio Dib, o sujeito, o cidadão desta Cidade possa se posicionar para que ela permaneça pública, para que o seu direito de sujeito, de estar, de ir e vir, de conviver seja respeitado.

E esta Câmara, que é resultado do contrato social, da democracia possível, atingida até agora neste Brasil às custas da luta de tantos, como a de João Aveline, é a representação e deveria ser guardiã primeira desse direito do sujeito, da soberania dos sujeitos, dos cidadãos que construíram esse contrato social que tem representação nas Câmaras, nos Legislativos, nos Judiciários e nos Executivos. E a ela é que nós devemos respeito, a essa cidadania que assina a Constituição, que assina a Lei Orgânica, que assina todas as nossas leis, que nos delega, mas que nos cobra, a quem nós devemos, no mínimo, o respeito à soberania, à sua participação direta, ao seu posicionamento sobre o seu direito “fundante” de ser humano, de ser sujeito, sujeito de direito, sujeito do seu contrato social.

Então, é este o registro do episódio lamentável de estarmos privatizando áreas públicas sem a consulta popular, fazendo com que esta Câmara negue a sua função principal de guardiã da cidadania deste País e guardiã da condição de sujeito de cada um dos cidadãos deste País. O nosso protesto fica registrado aqui.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores, sempre é bom debatermos aqui temas como esse do cercamento dos parques. Apesar de já termos votado o Projeto na última Sessão, acredito que essa é uma discussão que deve continuar a ser travada aqui na Câmara Municipal, até porque entendo que ela não está sendo colocada de maneira correta. Pela discussão feita aqui, Ver. João Dib, parece que vai se cercar um parque para que os ricos ou as pessoas mais abastadas possam freqüentá-lo, para que as pessoas mais pobres sejam distanciadas do parque.

Ora, Sr. Presidente, o cercamento que está sendo proposto aqui nesta Casa e que foi votado na última Sessão é apenas para proteção dos equipamentos urbanos, é para que os equipamentos que são construídos com o dinheiro de toda a sociedade - porque não se trata de um investimento feito com dinheiro particular de uma pessoa, mas, sim, com investimento de toda a sociedade - possam ser protegidos. Ali estão os equipamentos esportivos, de lazer, todos os equipamentos que são colocados dentro de um parque. No caso, por exemplo, do Parque Germânia, de 15 hectares, se ele não for devidamente protegido, principalmente em determinadas áreas mais distantes da administração, com certeza o que vai acontecer é que, em pouco tempo, esse patrimônio, que é público, que é um patrimônio de todo o povo, de toda a sociedade, simplesmente vai ser desfeito.

Então, quando a Câmara Municipal vota a favor do cercamento, fico boquiaberto ao ver que há Vereadores que vêm à tribuna dizer o seguinte: “Não, o que a maioria da Câmara resolve não é o correto, porque não deveriam votar assim”! Ora, então, se não é para votar assim, esses Projetos não devem vir para cá, a minoria da Casa fala como é que os Projetos devem ser votados e pronto! A maioria cala a boca, silencia. Agora, quando a maioria da Casa vota exatamente pela proteção desses equipamentos, pela proteção do patrimônio público, não significa que a maioria da Casa esteja dizendo que esse patrimônio, que é público, vai ser apenas de uma parte do público! Claro que não! Esse patrimônio, que é público, vai ser de toda a sociedade! Ele é de toda a sociedade, obrigatoriamente! Seria um crime - e é bom dizer isso - se alguém, porventura, fizesse alguma discriminação ao não deixar que pessoas penetrassem em um ambiente que é público: “Não, aqui só entram esses, aqueles outros não podem entrar”. Ora, o cercamento significa que, em uma determinada faixa de horário - depois das dez horas da noite talvez, eu não sei, o horário vai ficar mais ao comando da Administração do Município -, o parque é fechado porque não interessa a ninguém ficar rondando pelo parque depois das 10h da noite, ou depois da meia-noite, mas, durante o dia, todas as pessoas poderão entrar no parque e usufruí-lo. Pelo menos essa é a idéia, ou seja, para que todas as pessoas possam ter aquele equipamento guarnecido pelas cercas que serão colocadas, mas não ficarão as pessoas alijadas de chegarem até esses equipamentos.

Então, os exemplos que foram dados aqui... Na minha Bancada temos, na verdade, um racha, pois o meu amigo Ver. Claudio Sebenelo pensa de uma forma diferente, e acho que isso é da democracia; mesmo dentro do PSDB, temos pensamentos que se chocam. O Ver. Sebenelo pensa de maneira diferente deste Vereador, e eu o respeito, só que eu não concordo com a comparação que é feita com os subúrbios de Paris, com os problemas que acontecem lá, dizendo que aqueles que estão nos subúrbios não podem entrar nas áreas festivas de Paris, por isso eles estão bagunçando tudo. Não, aqui todas as pessoas vão usufruir de um equipamento que é público, vão poder todas elas usufruir daquele equipamento, e aquele equipamento vai ficar protegido. É isso que nós fizemos e foi isso que nós votamos aqui.

Eu não ouvi, aliás, em nenhuma das Bancadas, um posicionamento único dizendo que o cercamento é ruim porque ele vai proteger apenas os ricos e prejudicar os pobres. Eu não vi nenhuma Bancada que tivesse essa posição de unanimidade. Eu acho que todo o mundo pode refletir, a essas alturas dos acontecimentos, que o cercamento é alguma coisa... Nós temos que continuar discutindo, sim, porque, afinal de contas, eu acredito que existam argumentos favoráveis e argumentos contrários, por isso devemos continuar discutindo. Nós temos que discutir até mesmo em relação aos parques cercados que vão surgir, se o que está sendo feito pelos administradores é o ideal. Podemos modificar, por meio de legislação, aquilo que estiver sendo feito em excesso, para que ninguém seja prejudicado por essa medida tomada pela Câmara na última Sessão.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. N. 5769/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 278/05, de autoria do Ver. Maurício Dziedricki, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor André Meyer da Silva.

 

PROC. N. 6345/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 293/05, que declara a cidade de Newark, no Estado de Nova Jérsei (EUA), cidade-irmã de Porto Alegre.

3.ª SESSÃO

 

PROC. N. 0878/05 - SUBSTITUTIVO N. 02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que denomina Parque Temático da Tradição Gaúcha Maurício Sirotsky Sobrinho o atual Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, equipamento público, já instalado, de caráter turístico, cultural e de lazer, com o objetivo de divulgar a cultura e as tradições do povo gaúcho e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 039/05, de autoria do Ver. José Ismael Heinen. Com Substitutivo n. 01. Com Emenda n. 01 ao Projeto.

 

PROC. N. 4152/05 - SUBSTITUTIVO N. 01, que institui parceria entre o Município de Porto Alegre e as instituições particulares de Educação Infantil para o atendimento de crianças na faixa etária de zero a seis anos, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 193/05, ambos de autoria da Ver.ª Margarete Moraes. Com Emenda n. 01 ao Projeto. Com Emenda n. 01 ao Substitutivo.

 

PROC. N. 6221/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 288/05, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Mata Atlântica um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.

 

PROC. N. 6361/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 029/05, que declara de utilidade pública a entidade “Associação Fraternal Recuperação Universal”.

 

4.ª SESSÃO

 

PROC. N. 6088/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 137/05, de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon, que altera a redação do art. 146 da Resolução n. 1178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre), alterando para as dezoito horas o início das sessões ordinárias das segundas-feiras.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos a 31 dias do encerramento da Sessão Legislativa deste ano, e a Pauta, no dia de hoje, apresenta dois novos Projetos. É claro que dificilmente serão votados, até porque, tendo que correr três dias de Pauta, na outra semana poderão ser encaminhados à Comissão de Justiça, e vai ser difícil os Projetos chegarem lá no dia 15 de dezembro, último dia que nós teremos para votar nesta Casa, neste ano, e os Processos serão arquivados.

O Ver. Maurício Dziedricki quer conceder uma homenagem a André Meyer da Silva, homenagem justa e merecida, porque o André Meyer da Silva é uma pessoa que faz muito por Porto Alegre em todos os lugares que ocupa, realmente tem mérito.

O outro Projeto de Lei, no dia de hoje, é do Legislativo. Creio que ele seja do Presidente Elói Guimarães, não está dito aqui. A Exposição de Motivos está assinada pelo Presidente Elói Guimarães; quando foi colocada aqui, eu pensei que fosse um Projeto da Mesa. O Projeto declara a cidade de Newark, no Estado de Nova Jérsei, EUA, cidade-irmã de Porto Alegre, possibilitando uma série de troca de experiências, fazendo com que nós tenhamos informações do desenvolvimento, do progresso daquela Cidade, experiências que talvez possam ser aplicadas aqui, assim como possibilitará informações nossas que serão levadas daqui para Newark.

Mas, Sr. Presidente, eu disse que os Projetos serão arquivados. Estamos a 31 dias do término da Sessão Legislativa, e eu vejo aqui o Substitutivo do Ver. Adeli Sell, que quer chamar de Parque Temático da Tradição Gaúcha Maurício Sirotsky Sobrinho o atual Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Sem dúvida nenhuma será arquivado, e no ano que vem talvez pense melhor, porque, se nós queremos homenagear a figura de Maurício Sirotsky Sobrinho, evidenciar o seu nome, não podemos colocar o nome do Parque como Parque Temático da Tradição Gaúcha, para não haver confusão.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ver. Adeli Sell, com prazer aceito o aparte de Vossa Excelência.

 

O Sr. Adeli Sell: Em primeiro lugar, Ver. João Dib, felizmente o Regimento desta Casa mudou, os Projetos não serão mais arquivados, não voltarão àquela mesma história dos anos anteriores; é um avanço em nosso Regimento. Esse Projeto é de autoria do Ver. José Ismael Heinen. O meu Substitutivo é no sentido de resolver alguns problemas apontados pela douta Comissão de Constituição e Justiça. Estou dando uma colaboração para o colega, que teve a preocupação de apresentar o Projeto. Obrigado.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: E eu estou satisfeito, Ver. Adeli Sell, porque a sua colaboração vai ser arquivada, e vai ser mantido, em evidência, o nome do homenageado Maurício Sirotsky Sobrinho.

Por outro lado, vai ser arquivado, está em 4ª Sessão, deverá correr a 5ª e 6ª, o Projeto de autoria da Verª Sofia Cavedon que deseja alterar para as 18 horas o início da Sessão Ordinária das segundas-feiras. Ora, ora, ora, e os servidores que estão na faculdade à noite ou até em cursos supletivos? E quais serão os custos dessa alteração que pretende a nobre e querida Verª Sofia Cavedon? A minha satisfação é que ele vai ser arquivado, ela é uma moça muito inteligente, ela vai pensar, analisar e, no ano que vem, vai fazer com que o Projeto permaneça no arquivo. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, vou falar sobre o Projeto da Verª Sofia Cavedon, que está propondo a alteração do início da Sessão Ordinária das segundas-feiras para as 18 horas. Lendo o Projeto, a Verª Sofia Cavedon, na sua justificativa, coloca que uma das preocupações é que, à tarde, a população da Cidade não pode fazer uma interação maior aqui na Casa, mas que, à noite - um horário de trabalho que não existe, em princípio -, poderia fazer-se essa interação.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Eu lhe concedo um aparte, Vereadora, e, depois, vou colocar as minhas explicações. Por gentileza.

 

A Srª Sofia Cavedon: Muito obrigada, Ver. Professor Garcia. Eu acho que esse é um pedacinho de um tema que nós temos que fazer a discussão aqui, da democratização ainda maior do Parlamento, da nossa capacidade de dialogar com a população. O fato de a maioria da população trabalhar num horário comercial, diurno, só isso deveria nos fazer pensar, já que nós, aqui, tomamos grandes decisões, e é preciso ou faltar ao serviço, ou combinar com o patrão. Em relação aos funcionários públicos que têm vindo, muitas vezes, aqui: qual o tamanho do prejuízo da sua ausência nas escolas e nas repartições públicas? Então, a proposta é no sentido de, em um dos três dias, dedicarmos o nosso trabalho à noite, para facilitar que a cidadania possa acompanhá-lo. Era isso, muito obrigada.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Eu acho que a justificativa é pertinente, mas, Vereadora, também sabemos que há algumas dificuldades, vou tentar elencá-las. Primeiro, é a questão do funcionamento interno da Câmara que não tem essa logística, pois nesse horário, normalmente, não está funcionando. Digo normalmente, porque já presenciamos, inúmeras vezes, a Câmara ter as suas atividades até as 22 horas, 23 horas, algumas vezes ultrapassando, inclusive, a meia-noite. Mas é uma situação nova, uma situação que tem de ser discutida, é uma questão bem posta. Eu quero, assim, agradecer-lhe por trazer à Pauta essa discussão, acho que é um bom momento para que os Vereadores possam se apropriar, inteirar-se mais e fazer o seu juízo de valor. Eu lhe confesso que vejo a questão com bom grado, sob essa sua visão, mas percebo dificuldades nas questões dos funcionários aqui da Casa, sob a questão do pagamento de horas extras, há toda essa motivação também, que, às vezes, pode ser um óbice.

Mas uma coisa que tenho entendido cada vez mais na política é que os óbices conseguem vencer, quando procuramos ter entendimento, bom-senso e diálogo. Então, eu acho que, como é um Projeto que está recém tramitando, vai merecer um processo de maturação maior, ou seja, nós temos de discuti-lo. Como idéia, o Projeto é pertinente, mas vejo que há esses percalços em relação às diversas situações aqui da Casa, como a questão do funcionalismo, a questão de horários. Alguns até já me disseram que, às segundas-feiras, as pessoas poderiam chegar à tarde e sair à noite, mas nós também sabemos que muitos que trabalham aqui na Casa têm outras atividades no horário noturno: fazem os seus cursos, as suas faculdades. Então, é um assunto que carece dessa discussão. Eu quero dizer que, em princípio, eu vejo esse Projeto com bons olhos, porque, realmente, a população poderia ter uma participação mais ativa. Porém eu coloquei esses óbices e prometo que vou me inteirar e fazer essa discussão com a sociedade, porque acho que ela é pertinente. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; prezadas colegas Vereadoras, prezados colegas Vereadores, dos Projetos que estão em Pauta no dia de hoje, eu quero me referir aqui ao Projeto que está em 3ª Sessão, de autoria do Ver. José Ismael Heinen, com um Substitutivo do Ver. Adeli Sell, que denomina Parque Temático da Tradição Gaúcha Maurício Sirotsky Sobrinho o atual Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.

Na realidade - e eu lhe ouvi antes, Ver. João Antonio Dib -, hoje existe uma grande confusão quando falamos do Movimento Tradicionalista Gaúcho em relação ao Parque da Harmonia, ou Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Neste ano vivenciamos e convivemos com essa discussão, essa é uma confusão existente na cidade de Porto Alegre. Afinal de contas, como é que se diz? Acampamento dos tradicionalistas no Parque da Harmonia ou acampamento dos tradicionalistas no Parque Temático Maurício Sirotsky Sobrinho? Essa questão é importante nós definirmos, porque é junto com a denominação de parque temático que vem a essência do que temos que construir, porque aquele lugar já é reconhecido hoje como um espaço utilizado para o tradicionalismo. Porém, esse espaço precisa, sem dúvida nenhuma, ser melhor trabalhado pela cidade de Porto Alegre.

E o tema de constituirmos e de construirmos a Fazenda Temática do Gaúcho vem se associar a outra discussão. Inclusive, há um Projeto de nossa autoria que já discutimos aqui nesta Casa, instituindo o tema das hipovias, ou seja, vias para se andar a cavalo em Porto Alegre, incorporando uma lei já existente, que é de autoria do Ver. Sebastião Melo, tratando dos caminhos das cavalgadas, com isso valorizando as questões temáticas. Porque existe um conjunto de Projetos, Ver. Ismael, que trata da temática do gaúcho, o Ver. Bernardino também está trabalhando em alguns Projetos sobre a temática da cultura do gaúcho, melhor dizendo. Nós precisamos unificar esses Projetos para valorizar, já que a cultura do gaúcho é a maior cultura eqüestre territorial do mundo. Quem conhece outras culturas... Por exemplo, a cultura do Papai-Noel, originária na Finlândia, nos lapões, é vendida para o mundo todo; a cultura dos mongóis, como os grandes desbravadores através do cavalo, também é vendida para o mundo todo

 

O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero agradecer ao nobre colega por estar falando sobre esse tema, o parque temático. Acho que é muito importante, porque nós temos, realmente, essa cultura, como V. Exª falou, com certeza é a cultura mais completa. Quero agradecer e acho que nós temos que juntar toda essa cultura tradicionalista e chegar a um denominador comum, porque o Estado tem potencialidade para ter um parque temático de 24 horas, e nós não temos. Muito obrigado.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Comassetto, eu defendo a tradição e a cultura gaúchas, até porque nasci na porteira do Rio Grande, em Vacaria, então não tenho por que não fazer a defesa. Mas dessa forma nós vamos confundir as duas homenagens, Maurício Sirotsky Sobrinho e tradição gaúcha. Há que ser dois locais diferentes, definir bem os espaços para que a homenagem seja realmente efetiva.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: A sua preocupação é válida, Ver. João Dib, mas nós estamos tratando aqui de um único território, que é o espaço físico ali existente e que já tem um nome. Creio que substituir o nome do Parque é uma medida que ninguém em Porto Alegre deseja, ninguém quer retirar o nome daquele Parque de Maurício Sirotsky Sobrinho. Mas, como essa temática veio depois de já termos dado o nome ao Parque, bom, colocar como um parque temático da cultura do gaúcho e continuarmos com a homenagem a esse grande jornalista creio não ser nenhum problema.

E o senhor que é lá da fronteira Norte, de Vacaria, porteira de saída: amanhã nós estaremos indo para Bagé, porteira da campanha do Rio Grande do Sul, para discutir a questão da temática do gaúcho, ou seja, o bioma do pampa, que é um Projeto do Ministério do Meio Ambiente que pretende transformar o pampa gaúcho num bioma reconhecido universalmente. Porque a cultura do gaúcho não é exclusividade nossa, brasileira; ela é do Brasil, do Uruguai e da Argentina, inicia no Sul de Santa Catarina e vai até Baia Blanca, ao Sul da Província de Buenos Aires, onde já existem alguns projetos de integração. Então amanhã estaremos em Bagé, amanhã e quarta-feira, fazendo essa discussão justamente do bioma do pampa, para valorizar o tema não só da cultura, mas o seguinte tripé: a questão cultural, a questão do desenvolvimento econômico através das atividades e a questão da preservação dos recursos naturais, que é o bioma do pampa.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Como o travesseiro é um bom conselheiro, o arquivo será um excelente conselheiro. Será arquivado, e teremos tempo para examinar bem a homenagem que se quer prestar.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Muito obrigado, Ver. João Dib, temos, no mínimo, um conflito: um território com um nome e uma atividade que veio depois do nome. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu quero apregoar a Licença para Tratamento de Saúde, neste dia, do Ver. Almerindo Filho, que junta atestado médico.

O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, venho para falar sobre o último Projeto que foi votado aqui nesta Casa, a respeito da possibilidade de um empreendedor cercar um parque. Lendo um jornal da nossa Cidade, mais especificamente o jornal O Sul, vejo que o Ver. Nereu D'Avila, autor da lei, coloca como estupidez um plebiscito para decidir sobre o cercamento de parques na Capital. Fico surpreso, este Vereador foi o autor da lei que prevê o plebiscito para o cercamento dos parques públicos. Volto a dizer que, se ele não existisse, eu o faria de novo, porque entendo que nós, Vereadores, não temos competência suficiente para querer legislar exclusivamente sobre a vontade de 1 milhão e 400 mil habitantes e mais especificamente sobre a questão do Parque da Redenção, que foi a grande polêmica. Ora! Achar que temos uma cabeça iluminada para decidir o que é melhor pelos outros! Nós representamos, sim, a sociedade. Os 36 Vereadores representam a totalidade do povo de Porto Alegre, mas entende este Vereador que esse assunto, por ser tão emocionante, tão apaixonante, tem de ser socializado com toda a população de Porto Alegre. É por isso que, por exemplo, o Parque da Redenção só será cercado se a população, no seu todo, num plebiscito, aprovar, ou seja, mais de 50% terá de aprovar ou não.

Quando o Vereador colocou que considera o plebiscito uma estupidez, este Vereador voltou ao dia 30 de junho de 2004 e fiquei surpreso ao ver que o Ver. Nereu votou a favor do plebiscito. Então, seria mais justo, mais sincero - e vou usar uma palavra mais forte -, mais honesto utilizar a tribuna e dizer: “Reformulei a minha decisão”, porque reformular faz parte das pessoas, que podem ter uma posição e daqui a pouco ter outra, isso é direito e é legítimo. Agora, usar meias palavras e inverdades, este Vereador não aceita. Pelo menos não deve aceitar porque nós partimos do pressuposto de que as pessoas são sérias, e, se as pessoas são sérias, é importante fazer esse debate.

Entendo que o Vereador ficou muito preocupado porque os fatos que aconteceram nesta Casa chocaram inúmeras pessoas, chocou-me muito, porque foi um despreparo da Casa, foi um despreparo dos Vereadores, que aceitaram que uma pessoa de fora comandasse o Plenário, determinando, inclusive, algumas vezes: “Vota a favor, vota contra e altera o voto”.

O debate e a discussão podem ser feitos. Agora, eu sempre digo: vá, submeta-se ao voto popular, eleja-se e venha para cá, porque aí, sim, poderemos fazer um diálogo igual para igual, porque a tribuna é para esses argumentos.

Então, eu volto a dizer que, quando se fala e se tem essa responsabilidade, temos que ter esse cuidado, porque parece que não existe memória, parece que as pessoas não conhecem. Não! Então, seria mais lógico, mais sensato dizer: “Olha, reformulei. A minha posição não era essa.” Tudo bem. Agora, quando se usam determinados adjetivos, fica muito difícil.

Lastimo ocupar este espaço num momento em que o Vereador não está aqui, mas ele vai ficar sabendo, porque isso aqui é público, e nós vamos ter oportunidade de fazer esse debate. Lastimo que na sexta-feira, quando nós fomos convidados para um debate na rádio Bandeirantes, o Vereador também não pôde estar presente. Mas eu acho que essa discussão vai continuar.

Agora, eu volto a dizer: por favor, quando quiserem mudar as suas posições, mudem, mas com coerência, com sensatez, e não com adjetivos que não cabem muito bem e nem fazem a história desta Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores, Vereadoras, em primeiro lugar gostaria de dizer da minha satisfação, depois de alguns dias em representação desta Casa, pois estive visitando Manaus, Belém e São Luís, fazendo alguns debates sobre a questão da reforma urbana, a questão ambiental, procurando conhecer o Projeto do Porto de Belém, de revitalização, enfim, experiências que servem para o trabalho nesta Casa e que relatarei, Ver. Dib, num outro dia, pois acabo de chegar dessa viagem.

Depois de dizer da minha satisfação, quero dizer que estive há poucos minutos ausente desta Casa representando a Câmara Municipal de Porto Alegre, a pedido do Presidente, no velório do grande Jornalista João Aveline, que esta Casa já homenageou com um minuto de silêncio e que está sendo velado na Capela 3 do Crematório São José. Às 18h será a despedida. Eu quero trazer também a homenagem do nosso Partido, o Partido Comunista do Brasil, a esse que foi um grande lutador, que foi presidente da Juventude Comunista, que foi um dirigente local, estadual, nacional, que foi presidente do Sindicato dos Jornalistas e tudo o mais que nós já sabemos.

Eu queria, no dia de hoje, também dedicar este tempo de Liderança, Verª Margarete, para relembrar que no dia de hoje se inicia a Semana da Consciência Negra. O dia 14 de novembro é exatamente o dia em que relembramos, porque não podemos comemorar, o Massacre de Porongos, a traição de Porongos, ocorrida lá em Pinheiro Machado, quando, por um conluio entre o Duque de Caxias e o General David Canabarro, os negros, os Lanceiros Negros, que tanto haviam dado pela Revolução Farroupilha, que tanto haviam contribuído, Ver. Comassetto, foram massacrados, numa traição em que, previamente, na noite anterior, foram desarmados, acamparam separados das tropas principais e, apesar de todos os avisos, Canabarro não esboçou nenhuma medida de defesa e deixou esse massacre ocorrer. Como era natural, ele se safou tranqüilamente. É um fato histórico, hoje de conhecimento público, mas que por muitos anos se manteve ignorado, manteve-se desconhecido. É uma data, portanto, emblemática para abrir a Semana da Consciência Negra.

É preciso dizer também, ao comemorarmos a Semana da Consciência Negra, que ela foi criada pelo Movimento Negro no lugar do 13 de Maio, por eles considerarem que o 13 de Maio não representou e não representa todo o significado da luta da comunidade negra contra a opressão, contra a exploração. Quero lembrar que os negros, Verª Sofia, tiveram, em 1850, a exclusão da terra, pela chamada Lei de Terras, que foi quando o Império percebeu a inevitabilidade do final da escravidão, e, através da Lei de Terras, de 1850, impediu a possibilidade de os negros terem a posse da terra.

O Ver. Comassetto lembra que está para ser votado nesta Casa, e nós esperamos que possa ser hoje ou quarta-feira, um Projeto de sua lavra, tratando da questão do reconhecimento da terra dos quilombos urbanos. E nós já tivemos uma bela luta, com muitos outros Vereadores desta Casa, para garantir o quilombo da Família Silva.

Mas, além de os negros terem sido excluídos da posse da terra, através da Lei de 1850, depois foram excluídos do trabalho, porque, através da imigração e da concepção do branqueamento, se considerou o negro inapto para o trabalho livre. Quando houve a Abolição, em 1888, restou aos negros a marginalidade, e os negros, já excluídos da terra, já excluídos do trabalho, permanecem até hoje - um pouco menos - excluídos da cidadania. No dia 21 de novembro, que será a próxima segunda-feira, relembra-se também a Revolta da Chibata, quando, em 1910, ainda os negros eram chibatados na nossa Marinha, apesar da Abolição.

Eu queria inclusive convidar todos os Vereadores e os que nos assistem, para hoje, às 18h30min, acompanharem a entrega do Prêmio Lupicínio Rodrigues para o Conjunto Pedagógico Ponto Z, do nosso querido Pernambuco, do Movimento Quilombista, que receberá uma merecida homenagem desta Casa. A seguir teremos, às 19h30min, um debate sobre os Lanceiros Negros e sobre a traição de Porongos.

Para concluir, meu Presidente, eu queria - em solidariedade ao Ver. Professor Garcia e àqueles que lutam pelos parques abertos, admitindo a possibilidade de que alguns parques sejam cerrados, mas que a norma seja que os parques e as praças sejam abertos - concluir recitando aqui um poema do grande Castro Alves. É um poema dele, feito de improviso, ao ser dissolvido um comício republicano promovido pelo tribuno Antônio Borges da Fonseca, em 1864. Dizia, Ver. Dib, o grande Castro Alves (Lê.): “A praça! A praça é do povo/ Como o céu é do condor/ Senhor! Pois quereis a praça?/ Desgraçada a populaça/ Só tem a rua de seu/ Ninguém vos rouba os castelos/ Tendes palácios tão belos/ Deixai a terra ao anteu/ Lançai o protesto, ó povo,/ Protesto que o mundo novo/ Manda aos tronos e às Nações/ Quando nas praças s’eleva/ do povo a sublime voz/ Um raio ilumina a treva.”

Que esses versos de Castro Alves iluminem esta Casa, que nós mantenhamos as praças, os parques abertos ao povo. Os poderosos já têm os palacetes, já têm os palácios, que deixem para o povo as praças. É esse o brado que nós lançamos desta tribuna, lamentando que a Emenda que fizemos para o Projeto não tenha sido aprovada naquele dia, que exigiria, pelo menos, doravante, que esta Casa apreciasse as exceções, quando a praça devesse ser cercada. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Márcio Bins Ely está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Sr. Presidente Elói Guimarães, na pessoa de V. Exª quero cumprimentar os demais Vereadores e Vereadoras desta Casa; público que nos assiste pela TVCâmara, público presente, autoridades, venho a esta tribuna no período de Pauta também para falar do PLL nº 039/05, de autoria do Ver. José Ismael Heinen, com Emenda nº 01 ao Projeto, Substitutivo nº 01, o Substitutivo nº 02 é de autoria do Ver. Adeli Sell. Como mencionado aqui pelo Vereador que me antecedeu, o Ver. Comassetto, vejo, percebo que nesta Legislatura temos Vereadores e Vereadoras identificados com o tradicionalismo na nossa Capital. Então, eu quero trazer essa discussão à Pauta, porque, também na condição de integrante do Movimento Tradicionalista, e participo do DTG Mala de Garupa, considero a proposição do Ver. Ismael no sentido de que a Cidade tenha um parque temático onde se trate e se explore o tradicionalismo gaúcho, que é uma identificação da cultura gaúcha, por intermédio de oficinas, enfim, proporcionando o espaço do chimarrão, proporcionando áreas temáticas, muito oportuna. Ver. Ismael, quero cumprimentá-lo e também percebo que há manifestações e movimentações de outros Vereadores. O Ver. Adeli Sell deseja denominar o Parque atualmente conhecido por nós como Maurício Sirotsky Sobrinho de Parque Temático da Tradição Gaúcha Maurício Sirotsky Sobrinho. Há ainda proposições oriundas da Bancada do PMDB, do Ver. Bernardino Vendruscolo, que também foi autor de lei que nos proporcionou, este ano, estarmos reunidos em Sessão Solene no próprio Parque Harmonia durante o Acampamento Farroupilha. Acho muito oportuno trazermos à discussão esse debate, porque é fundamental que o Legislativo apóie essas iniciativas, que, por intermédio dos Vereadores, possamos, sim, estar dando a oportunidade do contato com o tradicionalismo àqueles que vêm conhecer o nosso Estado, a nossa Capital.

 

O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: É com muita honra que concedo um aparte ao Ver. Ismael, autor do Projeto que ora discuto neste período de Pauta.

 

O Sr. José Ismael Heinen: Fico muito agradecido por esta oportunidade, nobre Ver. Márcio Bins Ely. Quero fazer um esclarecimento. Necessariamente, o nome do Parque, que no Projeto original está como Cidade Gaúcha, deve ser mantido como Cidade Gaúcha, ele pode ser montado dentro do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho ou em outro local de Porto Alegre, o importante é que tenhamos a cultura tradicionalista departamentalizada para o turismo, para fazermos a cultura turística.

Hoje nós tivemos a apresentação de artistas aqui, e um dos pontos que poderá haver nesse Parque Turístico é o seguinte (Lê.): “O visitante poderá visitar o Museu Histórico, que conterá peças do acervo cultural gaúcho, e até mesmo o Museu Vivo, onde os personagens da nossa história estarão sendo representados por atores locais”, os atores que estavam hoje aqui até poderão participar desse Parque.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Muito obrigado, Ver. Ismael.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Márcio, sem dúvida nenhuma eu acho que V. Exª está colocando oportunamente a discussão e a idéia do Vereador, porque eu não sei se há um evento em Porto Alegre hoje, meu caro Vereador, que consiga juntar tanta gente como a Semana Farroupilha.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: É verdade.

 

O Sr. Ervino Besson: É praticamente uma minicidade que acontece aqui próximo à nossa Casa, à Câmara Municipal. Inclusive, nós tivemos oportunidade, por três anos, de desfilar no dia 20 de Setembro com o Piquete Mena Quevedo, motivo pelo qual fomos premiados. No último desfile nos apresentamos com um carro alegórico que representava um boteco, demonstrando a história da tradição gaúcha. Acho extremamente importante a discussão, da qual a Cidade também gostaria de participar. E, sem dúvida nenhuma, a Câmara Municipal seria um fórum oportuno para abrirmos uma discussão. Sou grato a Vossa Excelência.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Obrigado, Ver. Ervino Besson, que também é um Vereador tradicionalista.

Então, acho oportunas as manifestações com relação a criarmos, talvez, uma Cidade Gaúcha dentro do próprio Parque Maurício Sirotsky ou até de darmos nova denominação ao Parque. Acho que essa discussão é oportuna, vamos ver qual a melhor alternativa. E percebo, inclusive, nessa linha proposta pelo Ver. Comassetto, que se começa a integrar os projetos para poder colher bons frutos e se ter consenso na discussão, avançando com as propostas do Movimento Tradicionalista na nossa Capital. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Almerindo Filho solicita Licença para Tratamento de Saúde.

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença do Ver. Almerindo Filho e dada a posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu pergunto a Vossa Excelência: não há uma norma em relação ao horário para que seja substituído o Vereador? Nós já estamos entrando na Ordem do Dia, e, talvez, não haja quórum, pelo que eu vejo aqui.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu pondero a V. Exª que não há norma impeditiva. O impedimento se dá por licença por menos de um dia. (Pausa.)

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, gostaria de agradecer ao Ver. Professor Garcia por fazer o debate, Ver. Dib, sobre a proposição apresentada por mim, assinada conjuntamente com o Ver. Todeschini, de modificarmos o horário de uma de nossas Sessões Ordinárias. E gostaria muito de ter a atenção, digamos, o empenho dos Vereadores para construirmos uma solução para estarmos mais à disposição da nossa Cidade - é esta a avaliação que faço dessa proposta.

Se contarmos os dias em que nos envolvemos - vamos olhar por outro aspecto, o aspecto do nosso trabalho de Vereadores -, veremos que temos três Sessões plenárias diurnas e dois turnos em que nos envolvemos com as Comissões. É bem verdade que as Comissões muitas vezes saem para fazer visitas externas, reuniões externas, mas são dois turnos envolvidos com Comissões, mais as reuniões de Bancada, que todos nós temos. Sobram-nos, de fato, apenas três turnos na semana para visitarmos a comunidade. Isso se não fizermos reuniões no nosso gabinete durante o dia. E ouvimos, durante as campanhas, todos nós, que só aparecemos em época de campanha. Outro dia eu fiquei pensando como faria para voltar a todos os cantos desta Cidade! Todos nós, tenho certeza, trabalhamos sábado, domingo e quase todas as noites, porque a vida de Vereador é esta: temos muitas reuniões com diferentes temas, reuniões de planejamento, de debates.

Pelo aspecto da nossa forma de funcionar, termos mais um turno/dia disponível para estar nas comunidades é muito interessante. Por outro lado, já estivemos no Interior e sabemos que lá eles não têm Dedicação Exclusiva, mas a maioria das Câmaras Municipais atende à noite. E lá há um fato muito interessante: as rádios locais transmitem as Sessões. E uma discussão que a nossa Bancada começou a fazer é de que deveríamos ter uma rádio-Câmara, um canal de rádio, porque a população ouve muito mais o rádio durante o trabalho, ele é ouvido na borracharia, pelo pedreiro no seu trabalho. E poderíamos amadurecer a idéia de termos um canal de rádio para esta Casa, inclusive termos um canal aberto para a TV Câmara.

E o rádio é, de fato, muito mais disponível no horário da noite para quem quiser acompanhar os debates, mas, fundamentalmente, pela idéia de que a maioria da população trabalha durante o dia e é difícil acompanhar as decisões que, às vezes, até surpreendem o cidadão, porque descobrem o efeito da votação depois.

Temos uma grande dificuldade, e é um dos debates que o Ver. Carrion tem trazido, de informar a população. Às vezes, fazemos muitas coisas, mas dependemos de três ou quatro jornais, do rádio, e fica difícil. Muitas vezes, a população nem sabe o nome do Vereador que votou. E nós não sabemos como dar retorno aos tantos votos que recebemos. É algo complicado. Gostaríamos de estar dizendo o que fazemos, como fazemos, o que estamos debatendo.

Então, tentar novas formas para chegarmos mais perto do cidadão só favoreceria o nosso trabalho, a nossa cidadania, e favorecem as nossas decisões. Eu quero desafiar os Vereadores a que façam emendas, os próprios funcionários que trabalham no plenário, que tem uma dedicação tão importante, os taquígrafos, todos os funcionários, alguns já me procuraram perguntando como ficaria, à noite, a volta para casa.

Quero fazer um convite aqui da tribuna ao Presidente Elói, de discutirmos com a EPTC, pois neste lugar não se chega, dos lugares da Cidade, com um único ônibus. A Câmara de Vereadores é central, mas o acesso é muito difícil. Da maioria dos lugares, precisamos de dois ônibus para chegar aqui, e sem carro fica difícil sair daqui, além de inseguro. A idéia é de que possamos, não com uma única mudança, construir mecanismos para facilitar o acesso do cidadão a esta Casa, no acompanhamento das decisões, dos seus Vereadores, com conhecimento do funcionamento do Legislativo. Acho que é superpositivo.

Eu não previ que não seja noite das homenagens, mas que seja então a da quarta-feira, ou na segunda, quem quiser apresentar essa emenda, é importante. Acho que a Casa pode modificar o seu horário. Coloco isso como um desafio: que na segunda a Casa passe a trabalhar no turno da tarde e à noite. Não que não tenhamos que pagar o adicional noturno, eventualmente, para os funcionários, mas que possamos construir uma outra dinâmica que a Cidade incorpore.

Concluo agradecendo, Ver. Elói, mas, principalmente, desafiando-nos a repensar o Legislativo a fim de chegarmos mais perto da nossa população de Porto Alegre. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrada a Pauta.

O Ver. Sebastião Melo solicita verificação de quórum. (Pausa.) Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h20min.)

 

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